Guerrilheiro Virtual

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Reforma agrária da ditadura "assentou" até VW em latifúndio na Amazônia

Os horrores da ditadura de 64 não foi só tortura e morte. Teve extravagâncias econômicas também que merecem ser lembradas pelo absurdo.

Imagine em vez de recolher uma fortuna de impostos sobre o lucro de multinacionais, como a Volkswagem, deixarem elas aplicar esse dinheiro na SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), mas não para construir fábricas na região, e sim para adquirir uma gigantesca área da floresta Amazônica, desmatar e criar gado.

Pois aconteceu e não foi só com a montadora de automóveis, que acabou se desfazendo do projeto pelas encrencas e desgaste que deu (e continua dando até hoje). Bradesco, Bamerindus (hoje, HSBC), Andrade Gutierrez e outros grupos econômicos que até então não atuavam no segmento agropecuário também trilharam por esse caminho.

Esse texto de Lúcio Flávio Pinto conta um pouco desta história:

Volks na Amazônia: destruição
Por Lúcio Flávio Pinto

Em 1973 Wolfgang Sauer foi chamado para conversar com os executivos alemães da Volkswagen na sede alemã da empresa. Voltou como o chefe da maior fábrica de automóveis em funcionamento do hemisfério sul, instalada em São Paulo. O alemão de Stuttgart estava há 12 anos no Brasil. Chegou no ano traumático de 1961, marcado pela crise de poder desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros (o mais votado até então) e a reação militar à posse do vice-presidente, João Goulart.

Depois de 10 anos de peregrinação entre Portugal e a Venezuela, Sauer seria o diretor comercial da multinacional alemã Bosch. O novo posto era um salto: de fabricante de autopeças se tornaria montador de automóveis. A ambição de Sauer, porém, era muito maior: queria ser um dia presidente mundial da Volkswagen.

Ele divisou a oportunidade ainda em 1973, quando foi a Brasília conversar, a convite do então ministro do interior, Rangel Reis. O ministro lhe disse que o governo federal queria mudar a diretriz da ocupação da Amazônia. Desde o início da construção da Transamazônica, três anos antes, a ênfase era na colonização. Lavradores nordestinos, atingidos pela grande seca de 1970, eram levados para as margens da grande rodovia de penetração e assentados em lotes de 100 hectares.


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