Sem que isso seja muito evidente, Gilberto Kassab está patrocinando um novo ciclo de especulação imobiliária na cidade. O mesmo setor que contribuiu com milhões para a eleição do prefeito em 2008 está sendo beneficiado em operações urbanas mais do que duvidosas, justamente a um ano da próxima campanha municipal.
De várias maneiras, regiões de São Paulo estão sendo terceirizadas, alienadas ou vendidas para o mercado. O caso mais flagrante é o da "troca" de áreas públicas por creches -ideia que partiu do Secovi, o sindicato do setor imobiliário....
Kassab havia prometido zerar a carência de vagas nas creches. Há mais de 140 mil crianças na fila de espera. Perto do fim do mandato, o problema social se transforma em oportunidade de negócio. Afinal, alguém precisa lucrar com a promessa que não será cumprida.Quem acredita que as construtoras beneficiadas com áreas nobres farão adequadamente 200, 300, 400 creches na periferia?
Não é só. Kassab vai dar à iniciativa privada o poder de desapropriar uma enorme extensão da Pompeia, como já ocorre, a passo de cágado, na Nova Luz (ou cracolândia). Este é um tipo de concessão que só parece ter sentido numa região arruinada, onde as empresas não investiriam sem atrativos. Mas na Pompeia? Por que facilitar lucros privados gigantescos numa área já valorizada? Não cheira bem.
Por fim, a prefeitura está prestes a aprovar um novo polo de escritórios de luxo na avenida Chucri Zaidan, continuação da Berrini. É mais um capítulo de uma dinâmica perversa: enquanto a região central, com infraestrutura já pronta, permanece subocupada, em estado de degradação, os impostos do paulistano vão financiar a expansão de transporte público, luz, água etc. até os confins da cidade, para onde fogem os ricos seguindo a corrida do ouro do mercado imobiliário.Tudo somado, o kassabismo é uma espécie de neomalufismo. Essa é a escola em que ele se formou.
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