Mais um capítulo da polêmica que envolve a administração Obama com a venda de armas à cartéis mexicanos surgiu nesta terça-feira (6). Uma investigação conduzida pela jornalista Ginger Thompson, do jornal The New York Times coloca que, na ânsia de “auxiliar o vizinho na luta contra os cartéis de drogas”, membros da DEA, a Força Administrativa Anti-Narcóticos, teriam se envolvido com o fluxo financeiro do tráfico, o que inseriria a agência federal em um crime de lavagem de dinheiro.
A reportagem do jornal enfatizou a linha tênue que o governo norte-americano estabeleceu entre o combate e a manutenção dos cartéis armados. Em artigo publicado no Los Angeles Times, o volume movimentado pela lavagem de dinheiro que, em tese, possuía como objetivo a identificação dos “chefões”, chega a 3% da economia mexicana – o equivalente a 50 bilhões de dólares.
Ex-agentes da DEA disseram ao New York Times que uma diferença de gravidade deve ser considerada entre a operação Velozes e Furiosos e a mais recentemente descoberta. Uma, segundo eles, envolve armas e risco de vida, enquanto que, a segunda, lida “apenas” com dinheiro. Pelo mundo inteiro, o jornal contabilizou cerca de 50 ações do gênero, que ocorrem quando e como o governo norte-americano bem entender.
A resposta da oposição republicana foi ágil. O blog Townhall acusou Washington de, em nome de sua operação, “não apenas financiar o tráfico com armas, mas também com dinheiro”. Em sites como o Freerepublic.com, não são raros os leitores que se perguntam, em seus comentários, quantos são os burocratas e funcionários públicos contratados pelos cartéis e incluídos na folha de pagamento do governo.
Histórico
Ao inaugurar o Fórum das Américas do ano de 2009, o presidente norte-americano Barack Obama foi contundente, asseverando que ninguém deveria “tolerar a violência e a insegurança”, independentemente de onde ela viesse.
Em seu discurso, “crianças deveriam se sentir seguras para brincar nas ruas”, “policiais deveriam ser mais poderosos do que chefões” e “juízes melhor empenhados no progresso das leis”. Evitar que armas ilegais “corressem livremente pelas mãos de criminosos” e que “entorpecentes destruíssem vidas” seriam os meios mais eficientes para a construção desse cenário.
O país que se propusesse a essas metas, segundo Obama, teria o amparo de seu governo, “porque os EUA são amigos de toda nação e pessoa que persegue um futuro de segurança e dignidade”.
A surpresa frente a esse esforço do presidente surgiria apenas após dois anos de seu encontro com os líderes americanos. O fracasso da operação “Velozes e Furiosos”, conduzida entre os anos de 2009 e 2010 pelo ATF (Departamento de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo dos EUA, na sigla em inglês) contra o tráfico de drogas mexicano, eclodiria, no último mês de setembro, em um dos maiores escândalos do governo Obama.
A estratégia dos oficiais do estado de Phoenix era depositar quase duas mil armas nas mãos de traficantes do México, de modo que, conforme percorressem a sofisticada rede de criminalidade do país, chegassem aos principais chefes do tráfico e fossem, então, rastreadas.
As autoridades responsáveis pela tática só não esperavam que o radar que rastrearia esses armamentos falhasse, fazendo com que todo o arsenal adquirido pelo governo norte-americano se espalhasse México adentro, perdendo-se nas mãos de mafiosos. A comissão que investiga o lobby da indústria bélica dos EUA frente ao ATF e ao FBI calcula que cerca de 200 delitos tenham sido praticados com essas armas de alto calibre. o assassinato do agente da Patrulha da Fronteira Brian Terry, em 14 de dezembro de 2010, ocorreu por meio de um fuzil AK-47 e foi contabilizado pelo grupo de congressistas.
A denúncia mais severa partiu da emissora Fox News, que disse ter tido acesso a documentos que comprovam o uso de dinheiro público para a compra dessas armas no Arsenal Lone Wolf. O principal destino teria sido o Cartel de Sinaloa, liderado por Joaquín “El Chapo” Guzmán – o traficante mais poderoso da América Latina, com uma fortuna estimada em um bilhão de dólares e atuação em mais de 40 países.
Na outra margem
O México já havia proibido esse tipo de operação após o ano de 1998, quando agentes norte-americanos atuaram no país, desbancando um esquema de 110 milhões de dólares conduzido por 12 bancos mexicanos.
A autorização, desta vez, contudo, partiu da elite do governo de Felipe Calderón, cujo partido, em julho de 2012, enfrentará eleições gerais. Críticos acusam o presidente de insistir “teimosamente” nos ataques aos cartéis, o eu já vitimou cerca de 50 mil pessoas - um “banho de sangue”, dizem.
Fonte: Opera Mundi
Do Cebrapaz
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