Preto no Branco
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso valeu-se do comedimento de sua idade avançada na tarde de do dia 9 de dezembro para decidir cancelar a noite de autógrafos que faria no Shopping mais luxuoso de São Paulo a fim de lançar livro de sua autoria.
O motivo soube-se logo depois se devia ao receio de que fosse obrigado a dividir os holofotes com o lançamento de outro livro nada meritório para sua memória como ex-presidente.
No mesmo dia chegava às livrarias o livro A Privataria Tucana do jornalista Amaury Ribeiro, em que é feito um relato minucioso de que como as privatizações ocorridas sob o governo FHC prestaram-se ao enriquecimento de figuras ligadas aos principais nomes do PSDB, notadamente José Serra e o próprio ex-presidente.
Passagens interessantes são descortinadas à vista do leitor para mostrar o papel de proeminência desempenhado no processo de privatização pelo chefe mafioso Daniel Dantas e a ligação de família que este manteve com José Serra por meio de sua filha Verônica; e em contraponto à Dantas a ação criminosa do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, que atuava como articulador internamente ao governo.
O livro mostra que os esquemas de arrecadação atuaram em larga escala de modo a aproveitarem-se como enxame de abelhas do desmonte do aparato estatal de empresas públicas. Na área de petróleo atuou o próprio genro de FHC David Zylberstein, na de telecomunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, na área de eletricidade Gregório Preciado (primo de Serra) e na área financeira o mencionado Ricardo Sérgio.
O grupo, beneficiado com o silêncio da mídia repassou a grandes grupos nacionais e estrangeiros um patrimônio de pelo menos 1 trilhão de reais por pífios 90 bilhões. Para viabilizar as operações contaram com poderosos esquemas de espionagem montados pelo ex-delegado da polícia federal Marcelo Itagiba e com empresas de fachada estabelecidas em paraísos fiscais.
Por meio de escritórios de consultorias, montavam consórcios de empresas para participar de leilões de privatização, que depois arrematavam as estatais subavaliadas por outro grupo de consultorias, estas com ramificações internacionais e vinculadas aos compradores.
A conseqüência foi que uma empresa como a Vale do Rio Doce, que explora um patrimônio que é de todos brasileiros e absolutamente finito, as riquezas do subsolo brasileiro, ter sido arrematada por irrisórios 4 bilhões de dólares. Fração do lucro que a empresa gera hoje.
O livro é esclarecedor no sentido de mostrar que quem faz da moralidade hoje um mote para voltar ao poder mal consegue esconder o rabo peludo de diabo.
Fonte:Brasil que Vai
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