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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Eliana Calmon nega mágoa e agradece 'apoio popular' ao CNJ

Isso é histórico. Estamos no caminho para uma democracia plena, disse Eliana, emocionada. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
"Isso é histórico. Estamos no caminho para uma democracia plena", disse Eliana, emocionada
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
 

Laryssa Borges
Direto de Brasília
Um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter confirmado os poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar magistrados suspeitos de irregularidades, a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, negou que tenha "mágoa" pelo processo de questionamento que enfrentou e agradeceu o "apoio popular" que recebeu durante o momento em que foi criticada sua atuação de investigar juízes e desembargadores.

Eliana Calmon chegou a ser alvo de uma representação da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e da Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas (Anamatra) por supostamente ter promovido uma devassa na movimentação financeira de mais de 200 mil servidores e magistrados do Judiciário.

Emocionada e com lágrimas nos olhos, a ministra disse que ao longo de toda sua carreira nunca havia visto uma mobilização tão grande como a que ocorreu sobre os poderes de atuação do Conselho Nacional de Justiça. Ela relembrou, no entanto, que o julgamento no STF ainda não foi concluído. Ainda faltam quatro artigos da resolução do CNJ para serem analisados pelos ministros.

"Quero fazer meus agradecimentos ao povo brasileiro, à sociedade que seguiu e que acompanhou todo este movimento, participando de todo um movimento de cidadania. Eu, como cidadã brasileira, estou muito orgulhosa de ver esta movimentação. Estou feliz, sim, com o resultado e mais ainda com o que eu vi de cidadania com esta participação popular", disse. "No Brasil eu nunca vi, com 32 anos de magistratura, uma discussão tão ampla e tão participativa do ponto de vista de todos os segmentos da sociedade, sejam as pessoas mais simples do Brasil até aqueles juristas mais renomados, os PhDs em Direito, todos se manifestaram. Isso é histórico. Estamos no caminho para uma democracia plena."

Embora o presidente do STF, Cezar Peluso, tenha votado de forma divergente da maioria dos ministros que garantiu forças ao CNJ, Eliana Calmon disse que sua relação com o ministro é "a melhor possível".

"Este processo é um processo institucional e, como processo institucional, eu não posso ter mágoas. Não existem mágoas institucionais. Vamos ao final do julgamento zerar todos os questionamentos de ordem pessoal e vamos todos, as corregedorias, a corregedoria nacional e as associações de juízes, dar as mãos para fazermos a Justiça que o Brasil precisa e quer", relatou. "Estamos bem (ela e Cezar Peluso) porque somos técnicos e magistrados de carreira e estamos acostumados a esse embate. Meu relacionamento com o presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça é o melhor possível. É uma coisa que faço questão de conservar."

Eliana contou ainda que se emocionou a cada voto proferido durante o julgamento que o Supremo realizou ontem e que a partir de hoje deve conseguir descansar. "Agora vou dormir porque eu não durmo há três meses."

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