Espanhola Repsol disse que pode recorrer a arbitragem internacional após nacionalização da YPF
O governo espanhol alertou, nesta terça-feira, que vai defender seus interesses e responder com medidas "claras e contundentes" ao anúncio de que a Argentina pretende "expropriar" 51% da petrolífera de capital argentino e espanhol Repsol-YPF.
O ministro espanhol da Indústria, José Manuel Soria, disse que as medidas serão divulgadas nos próximos dias. Segundo ele, o anúncio feito na segunda-feira pela presidente Cristina Kirchner é um gesto de hostilidade contra a Espanha e o governo espanhol.
A empresa espanhola Repsol tem 57% de participação na YPF.
A empresa espanhola Repsol tem 57% de participação na YPF.
"Esses atos não saírão impunes", disse o presidente da Repsol, Antonio Brufau.
Segundo ele, a presidente Kirchner recorreu à nacionalização "como forma de esconder a crise econômica e social que a Argentina está enfrentando". Brufau acusou a Argentina de fazer uma campanha, nas últimas semanas, para derrubar o valor das ações da empresa e conseguir um preço baixo pela expropriação.
A Repsol disse que vai recorrer à arbitragem internacional, se necessário. Segundo a agência de notícias AFP, a empresa quer receber uma indenização de pelo menos US$ 10 bilhões.
Crise diplomática
O embaixador argentino em Madri foi convocado a comparecer, nesta terça-feira, ao Ministério das Relações Exteriores da Espanha para discutir o assunto.
Mais cedo, o chanceler espanhol, José Manuel Garcia-Margallo, disse que o "clima de amizade" entre os dois países havia sido rompido.
O premiê da Espanha, Mariano Rajoy, tem viagens marcadas ao México e Colômbia, onde deve tentar conseguir apoio contra a decisão argentina.
A nacionalização foi anunciada sob aplausos, na segunda-feira, pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que disse ter se inspirado na Petrobras.
Um projeto de lei, já enviado ao Congresso Nacional, estabelece que o Estado passa a controlar a empresa - que havia sido privatizada nos anos 1990.
A presidente justificou a decisão diante da queda na produtividade da petroleira, do aumento inédito das importações de combustíveis, e do fato da a Argentina ser um dos poucos países no mundo que não têm o "controle" deste setor.
A presidente justificou a decisão diante da queda na produtividade da petroleira, do aumento inédito das importações de combustíveis, e do fato da a Argentina ser um dos poucos países no mundo que não têm o "controle" deste setor.
"Depois de 17 anos, pela primeira vez em 2010, tivemos que importar gás e petróleo. Também tivemos redução no saldo comercial [devido à queda nas exportações do setor], que entre 2006 e 2011 foi de 150%", afirmou.
"Não se trata de estatização, mas de recuperação da empresa, que passará a ser controlada pelo Estado argentino", disse, em rede nacional de rádio e de televisão.
Ela também anunciou a assinatura de um decreto intervindo na companhia, que passará a ser administrada por autoridades locais, antes mesmo da aprovação do texto pelos parlamentares argentinos.
Petrobras
Cristina afirmou que a decisão argentina não é um "fato inédito", já que outros governos, como México e Bolívia, possuem 100% das empresas petrolíferas estatais. Ela citou o Brasil como um modelo.
"No Brasil, o Estado tem 51% [das ações] por meio da Petrobras. Nós escolhemos o mesmo caminho [com a Repsol-YPF]. Queremos ter uma relação igualitária com nosso sócio [Brasil], para ajudar a América Latina a se transformar também em região de auto-abastecimento. E, por isso, queremos incluir Venezuela no Mercosul para fechar o anel energético", disse.
A presidente disse que a medida não afeta "outros sócios ou acionistas" da Repsol-YPF. No entanto, após o anúncio, as ações da empresa registraram forte queda na Argentina e no mercado internacional.
A presidente afirmou também que seu governo quer trabalhar junto com o empresariado, mas que "não vai tolerar" a falta de cooperação com seu país. O anúncio da presidente foi interpretado por analistas argentinos como sinal de "maior ingerência do Estado" na economia local.
Do DefesaNet
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”