Por meio do ex-assessor e porta-voz Mino Pedrosa, o contraventor Carlos Cachoeira divulga grampo em que Fernando Cavendish, dono da Delta, maior empreiteira do PAC, fala sobre o preço de um político; ele não gosta de raia miúda, mas sim de colocar R$ 30 milhões na mão de alguém; assista
Brasília vai amanhecer nervosa nesta segunda-feira. Na verdade, vai amanhecer fervendo. Por meio do jornalista Mino Pedrosa, que foi seu assessor e tem trabalhado como uma espécie de porta-voz informal, o bicheiro Carlos Cachoeira decidiu incendiar o circo. Mino acaba de postar um vídeo no seu site Quidnovi, em que Fernando Cavendish, dono da Delta, aparece falando sobre o preço de um político. Detalhe: a Delta é a principal empreiteira do PAC e recebeu R$ 884 milhões do governo federal só em 2011. No vídeo, Cavendish diz que não se interessa por “raia miúda”. Diz que seu negócio é botar R$ 30 milhões nas mãos de um político ou R$ 6 milhões nas mãos de um senador. Aí sim, diz ele, o empreiteiro é convidado para fazer “coisa pra caramba”. É o fim da linha para a Delta – e o governo, especialmente o ministro da Corregedoria Geral da União, Jorge Hage, tem a obrigação moral de declarar a empresa inidônea, proibindo-a de participar de licitações públicas (leia mais aqui). Afinal, quando tomou esta providência em relação à Gautama, alvo da Operação Navalha, Hage declarou que sua medida exemplar visava proteger o PAC e inibir a repetição de atos de corrupção. Hoje, o PAC está nas mãos da Delta.
Assista, abaixo, ao vídeo do YouTube
E leia o texto de Mino Pedrosa:
O que parecia ser uma operação para a prisão de um contraventor do jogo clandestino (leia-se máquinas de caça níqueis) e vincular o crime a políticos de oposição, trouxe à luz um dos maiores lobistas e empresários atuante nos Governos Federal, Estaduais e municipais. Seu nome Carlos de Almeida Ramos: o Carlinhos Cachoeira. O Quidnovi traz com exclusividade o que será o maior escândalo dentro da Operação Monte Carlo. O presidente do grupo Delta, o maior fornecedor do Governo Federal e detentor de quase todas as obras do PAC, Fernando Cavendish, é flagrado como sócio oculto de Carlos Cachoeira, através do presidente executivo do grupo Carlos Pacheco.
Há algum tempo Carlinhos era o responsável pelas operações da Delta no Centro-Oeste. E na tentativa de flagrar o contraventor do jogo, a Operação Monte Carlo acabou desmontando um esquema muito maior, envolvendo políticos de todos os escalões dos Governos Federal e Estaduais. Carlinhos Cachoeira começou sua parceria com a Delta no Governo de Goiás, através de Marconi Perillo (PSDB). O governador estava entregando para Carlinhos concessões em todo o Estado até vir à tona a Operação Monte Carlo. No Distrito Federal o esquema não era diferente. Pelas mãos de Agnelo Queiroz a Delta desbravou Brasília e entorno “cuidando” do lixo e fazendo manobras em todas as áreas, como por exemplo na Saúde, com o laboratório de genéricos; e na Segurança; com as máquinas de caça níqueis.
Mas a Delta tem mesmo um grande aliado é no Rio de Janeiro: o governador Sérgio Cabral. Há indícios que Cabral teria colocado nas mãos de Cavendish grande parte das obras sem licitações, além de ter feito a ponte com o presidente Lula tornando a Delta a maior fornecedora do Governo Federal. Cavendish em reunião de diretoria da empresa fala abertamente como age para conseguir negócios nos governos comprando políticos e recrutando agentes ( leia-se arapongas) para se municiar de informações para facilitar a corrupção a preços mais baixos. Cavendish e Cachoeira costumam usar a mesma linguagem com seus interlocutores. São simpáticos, solícitos, patrocinadores de orgias com mulheres e bebidas requintadas, viagens ao exterior para políticos e familiares. Com as informações da rede de arapongagem descobrem os “pontos fracos” de cada pessoa alvo, para serem utilizados na hora certa e no momento exato.
Até agora, a Operação Monte Carlo não apresentou o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O que realmente aparece é o lobista e mega empresário corrompendo políticos, autoridades, polícia, funcionários públicos de alto e baixo escalão, jornalistas... e, em menor grau, surge o empresário do jogo com máquinas de caça-níqueis. Recentemente acompanhamos projeto em votação na Câmara dos Deputados com um forte lobby em quase todos os partidos, principalmente os da base aliada do Governo, para aprovar a liberação dos caça-níqueis e bingos. À frente do lobby o vice-presidente da República Michel Temer, que fala até hoje com o presidente da Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos) Olavo Sales da Silveira.
O vice-presidente tinha até pouco tempo o jornalista Gustavo Krigger, seu assessor direto, fazendo a interface entre a Câmara dos Deputados e Abrabin, através da agência de publicidade FSB. Hoje a FSB atende não só a Abrabin como também a Delta e a Michel Temer como vice-presidente. O Quidnovi revela agora a conversa gravada numa reunião da Delta, quando Fernando Cavendish fala com os sócios entre eles Carlos Pacheco, também sócio de Cachoeira, “discutia o que pensa da política e dos políticos brasileiros de maneira geral: “Se eu botar 30 milhões de reais na mão de políticos, sou convidado para coisas para ‘c…’. Pode ter certeza disso!”. E disse ainda que com alguns milhões, seria possível até comprar um senador para conseguir um bom contrato com o governo: “Estou sendo muito sincero com vocês: 6 milhões aqui, eu ia ser convidado (para fazer obras). Senador fulano de tal, se (me) convidar, eu boto o dinheiro na tua mão!”
No Brasil 247
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