Guerrilheiro Virtual

sexta-feira, 13 de julho de 2012

PSB se queima com Lula e põe Dilma na roda

O que Eduardo Campos ganha ao se aliar a Jarbas Vasconcelos?
A gota d´água para o desenlace da aliança do PT com o PSB foi o movimento que o PSB do governador pernambucano Eduardo Campos fez de se aproximar de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um político semiaposentado, na definição do Palácio do Planalto, que lidera a bancada anti-Lula no Senado e é um dos mais ferozes críticos do ex-presidente.

Mais do que o rompimento dos dois partidos na formação das chapas para a eleição municipal no Recife, em Fortaleza e Belo Horizonte, o que levou a presidente Dilma a sair dos seus cuidados e entrar na disputa partidária, levada pelas circunstâncias, muito contra a sua vontade, foi o gesto de Campos se reaproximar de Jarbas, até outro dia o principal antagonista do governador na política pernambucana, e a entrada em cena de Aécio Neves em Belo Horizonte. De uma só penada, ela deu um chega pra lá nos dois.
 
Para se ter uma ideia do que isto simboliza e do choque que causou a foto de Eduardo com Jarbas, mal comparando, foi mais ou menos como a já histórica imagem de Lula nos jardins da mansão de Paulo Maluf ao celebrar a aliança do PT com o PP na eleição paulistana.
 
O pior é que meu amigo Eduardo Campos não precisava de nada disso: ao romper com o PT pernambucano, e lançar candidato próprio, o PSB levou junto uns 15 partidos da antiga Frente Popular do Recife. Político em franca decadência, Jarbas mais tira do que dá votos, assim como Maluf, embora os dois tenham trajetórias políticas e pessoais absolutamente opostas.
 
Como bem lembrou meu colega Heródoto Barbeiro, Jarbas Vasconcelos é um democrata e homem decente, lutou contra a ditadura nas mesmas trincheiras de Lula; o biônico Maluf, cevado pelos militares, é procurado pela Interpol no mundo inteiro.
 
Não se trata, porém, só de uma questão política, já que isto hoje em dia está muito relativizado pelas mais estranhas alianças, mas de uma traição pessoal de Campos ao amigo Lula que, na presidência da República, tanto colaborou para transformar o governador pernambucano e presidente do PSB numa liderança nacional, a ponto de ver seu nome cogitado para ser vice de Dilma em 2014.
 
Com Lula temporariamente fora de combate - o ex-presidente, finalmente, tirou alguns dias de férias para cuidar da saúde, longe do embate político - Dilma tomou as dores do antecessor e passou a jogar duro com o PSB.
 
O jantar que reuniu esta semana, no Palácio da Alvorada, a presidente com os governadores Eduardo Campos e Cid Gomes, para acertar uma trégua com o PSB, não foi suficiente para consertar o estrago. A relação está trincada.
 
Ao se aliar ao dissidente Jarbas, Eduardo Campos não só queimou seu filme com Dilma e Lula como ainda jogou nos braços dos dois o PMDB velho de guerra, que andava meio arisco, queixando-se do governo e do PT.
 
Sem poder contar estes dias com Lula, seu principal mentor e articulador político, Dilma entrou na roda e obrigou pessoalmente o ministro Fernando Pimentel a sair a campo em apoio a Patrus Ananias, principal adversário dele dentro do PT na política mineira, depois que o PSB rompeu a "grande aliança" em Belo Horizonte, a mando do senador tucano Aécio Neves. O PMDB de Michel Temer, imediatamente, deu apoio ao PT e a Patrus.
 
A sensação no Palácio do Planalto, depois de tantas movimentações na base aliada nos últimos dias, é de alívio. Têm colaboradores próximos da presidente Dilma sorrindo de orelha a orelha ao ver o PT longe de Aécio em Minas e distanciando-se, pelo menos momentaneamente, de Eduardo Campos que, ao alçar vôo próprio antes da hora, estava começando a incomodar.
 
Pelo jeito, na política 2014 chegou antes de 2012 e vai balizar a campanha municipal.
 
 

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