Por José Dirceu, em seu blog:
Há exatos 68 anos, na madrugada de 24 de agosto de 1954, no bojo de uma das mais graves crises políticas registradas em nossa história, o presidente Getúlio Vargas se matava com um tiro no coração. O presidente deu com a vida o troco que desnorteou por completo a oposição golpista que tentara derrubá-lo e sua morte desencadeou, então, um dos momentos mais cruciais da nossa vida institucional republicana.
Nos meses seguintes, o Brasil viveu a mais conturbada instabilidade institucional de sua história, quando teve nada menos que cinco presidentes no curto interregno de pouco mais de 1 ano - Getúlio, seu vice, Café Filho, o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, e o presidente do Senado, Nereu Ramos, até a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek, no dia 31 de janeiro de 1956.
Naquele 24 de agosto eu tinha 8 anos de idade e fui dispensado das aulas no Grupo Escolar Presidente Roosevelt em minha Passa-Quatro nas Minas Gerais, onde nasci e vivi até os 14 anos. O fato ficou gravado em minha memória para sempre. Não pela gazeta (falta às aulas), mas pelo suicídio do presidente da República.
Um sonhador, eu vivia entre a escola e a serra da Mantiqueira
Filho de um udenista (o partido do golpe, maior fomentador da crise e da tentativa de derrubada de Getúlio), meu pai, Castorino de Oliveira e Silva, tinha como sócio João Mota, um petebista. Assim aprendi desde cedo a viver a disputa política dura entre a UDN, o PTB e o PSD. Mas, também, tive a escola da convivência civilizada entre meu pai e seu João Mota, um getulista declarado.
Em 1954 eu era um sonhador que vivia entre a escola e a serra da Mantiqueira. Não fazia ideia da importância para meu país, daquele homem baixinho que dera um tiro no peito, saindo "da vida para entrar para a história", como ele mesmo deixou registrado para as futuras gerações em sua Carta Testamento.
Tampouco, tinha a dimensão, então, de como ele seria importante em minha vida, ele e sua obra contraditória, escrita com vitórias e derrotas na revolução de 1930 que comandou, na ditadura que implantou (1937-1945) e na volta ao poder pelo voto, pelas urnas. E mais que isto, carregado pelo povo, colocando seu governo a serviço do Brasil.
Levado à morte mais por seus acertos do que pelos seus erros
Tempos depois tive a exata visão de que Getúlio fora levado á morte, mais por seus acertos do que pelos seus erros e de que naquele 1954, com suas medidas sociais e nacionalistas - como a criação da Petrobras - que contrariavam poderosos interesses nacionais e internacionais, com seu gesto extremo ele estancara o golpe que já então se articulava e conseguiram dar 10 anos depois, em 1964.
Já amanhã se completam 51 anos da renúncia de Jânio Quadros à presidência da República, ato que a história demonstrou ser mais uma tentativa de golpe, isolado, de um presidente. Sua renúncia e os desdobramentos posteriores aceleraram a chegada da quartelada de 1964. Mas, aí, já é outra história.
Há exatos 68 anos, na madrugada de 24 de agosto de 1954, no bojo de uma das mais graves crises políticas registradas em nossa história, o presidente Getúlio Vargas se matava com um tiro no coração. O presidente deu com a vida o troco que desnorteou por completo a oposição golpista que tentara derrubá-lo e sua morte desencadeou, então, um dos momentos mais cruciais da nossa vida institucional republicana.
Nos meses seguintes, o Brasil viveu a mais conturbada instabilidade institucional de sua história, quando teve nada menos que cinco presidentes no curto interregno de pouco mais de 1 ano - Getúlio, seu vice, Café Filho, o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, e o presidente do Senado, Nereu Ramos, até a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek, no dia 31 de janeiro de 1956.
Naquele 24 de agosto eu tinha 8 anos de idade e fui dispensado das aulas no Grupo Escolar Presidente Roosevelt em minha Passa-Quatro nas Minas Gerais, onde nasci e vivi até os 14 anos. O fato ficou gravado em minha memória para sempre. Não pela gazeta (falta às aulas), mas pelo suicídio do presidente da República.
Um sonhador, eu vivia entre a escola e a serra da Mantiqueira
Filho de um udenista (o partido do golpe, maior fomentador da crise e da tentativa de derrubada de Getúlio), meu pai, Castorino de Oliveira e Silva, tinha como sócio João Mota, um petebista. Assim aprendi desde cedo a viver a disputa política dura entre a UDN, o PTB e o PSD. Mas, também, tive a escola da convivência civilizada entre meu pai e seu João Mota, um getulista declarado.
Em 1954 eu era um sonhador que vivia entre a escola e a serra da Mantiqueira. Não fazia ideia da importância para meu país, daquele homem baixinho que dera um tiro no peito, saindo "da vida para entrar para a história", como ele mesmo deixou registrado para as futuras gerações em sua Carta Testamento.
Tampouco, tinha a dimensão, então, de como ele seria importante em minha vida, ele e sua obra contraditória, escrita com vitórias e derrotas na revolução de 1930 que comandou, na ditadura que implantou (1937-1945) e na volta ao poder pelo voto, pelas urnas. E mais que isto, carregado pelo povo, colocando seu governo a serviço do Brasil.
Levado à morte mais por seus acertos do que pelos seus erros
Tempos depois tive a exata visão de que Getúlio fora levado á morte, mais por seus acertos do que pelos seus erros e de que naquele 1954, com suas medidas sociais e nacionalistas - como a criação da Petrobras - que contrariavam poderosos interesses nacionais e internacionais, com seu gesto extremo ele estancara o golpe que já então se articulava e conseguiram dar 10 anos depois, em 1964.
Já amanhã se completam 51 anos da renúncia de Jânio Quadros à presidência da República, ato que a história demonstrou ser mais uma tentativa de golpe, isolado, de um presidente. Sua renúncia e os desdobramentos posteriores aceleraram a chegada da quartelada de 1964. Mas, aí, já é outra história.
Do Blog do Miro
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