IMORTAL", MERVAL LANÇA LIVRO SOBRE O MENSALÃO
Único
integrante da Academia Brasileira de Letras que publicou apenas artigos
de jornal antes de chegar ao Olimpo das letras, Merval Pereira, do
Globo, lança seu segundo trabalho "literário"; é um livro sobre o
mensalão com prefácio de ninguém menos que o ex-presidente do Supremo
Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, e que revela como o jornalista
pautou e até antecipou votos de ministros; quem anuncia a chegada da
obra é Reinaldo Azevedo
247 - O
livro sobre a Ação Penal 470, do jornalista Merval Pereira, que pautou o
comportamento de vários ministros do Supremo Tribunal Federal,
recriminou o comportamento de outros e, de certa forma, regeu a
orquestra do "julgamento do século" está chegando às livrarias. O mais
espantoso é que o prefácio tenha sido escrito por Carlos Ayres Britto,
ex-presidente da corte, sinalizando uma espécie de conúbio entre O Globo
e o STF. Merval é o único integrante da Academia Brasileira de Letras
que escreveu apenas artigos de jornal e lança agora seu segundo livro,
intitulado "Mensalão", que reúne artigos escritos durante o julgamento.
Quem anuncia a "boa nova" é o também insuspeito Reinaldo Azevedo, que
qualifica Merval como "um dos textos mais lúcidos e precisos da imprensa
brasileira". Leia, abaixo, a apresentação feita pelo blogueiro neocon
de Veja.com:
O maior e mais grave escândalo da história republicana — porque se
tratou, além da roubalheira, de tentar golpear a democracia com a
criação de um Congresso paralelo — ganhou há poucos dias outro livro: “Mensalão — O dia a dia do mais importante julgamento da história política do Brasil”,
do jornalista Merval Pereira, colunista do jornal “O Globo” (Editora
Record) e comentarista da GloboNews e da CBN. Digo “outro” porque há a
história lida e analisada pelo professor Marco Antonio Villa em
“Mensalão” (Editora LeYa).
Com prefácio de Carlos Ayres Britto, ex-ministro do Supremo, que
presidiu o julgamento, o livro traz os artigos escritos sobre o tema no
Globo entre 2 de agosto e 11 de dezembro de 2012. Merval é um dos textos
mais lúcidos e precisos da imprensa brasileira e tem um vício
incurável: é dono das próprias ideias. Não integra as hostes crescentes
dos que escrevem ou para agradar ou para não desagradar. Também não é do
tipo que marcha no descompasso só para chamar a atenção. Aliás, esta é a
acusação frequente que pesa contra os jornalistas independentes: porque
eventualmente não seguem o ritmo da mediocridade influente, são, então,
tachados de meros provocadores.
Merval sabe fazer a composição entre o detalhe e o conjunto, entre a
parte e o todo. Ao longo dos textos, entendemos o fluxo da história, mas
sem perder alguns detalhes saborosos que ilustram e iluminam a
trajetória.
Leia-se este trecho de “Fugindo da cadeia”, texto publicado no dia 15 de novembro de 2012:
É
meio vergonhoso para o PT, há dez anos no poder, que a situação
desumana de nosso sistema penitenciário vire tema de debate só agora que
líderes petistas estão sendo condenados a penas que implicam
necessariamente regime fechado.
Chega a ser patético que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no final das contas responsável pelo monitoramento das condições em que as penas são cumpridas, diga em público que preferiria morrer caso fosse condenado a muitos anos de prisão. Dois anos no cargo, e o ministro só se mobiliza para pôr a situação das prisões brasileiras em discussão no momento em que companheiros seus de partido são condenados a sentir na própria pele as situações degradantes a que presos comuns estão expostos há muitos e muitos anos, os dez últimos sob o comando do PT.
Chega a ser patético que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no final das contas responsável pelo monitoramento das condições em que as penas são cumpridas, diga em público que preferiria morrer caso fosse condenado a muitos anos de prisão. Dois anos no cargo, e o ministro só se mobiliza para pôr a situação das prisões brasileiras em discussão no momento em que companheiros seus de partido são condenados a sentir na própria pele as situações degradantes a que presos comuns estão expostos há muitos e muitos anos, os dez últimos sob o comando do PT.
Também o ministro revisor Ricardo Lewandowski apressou-se a anunciar que
muito provavelmente o ex-presidente do PT José Genoino vai cumprir sua
pena em prisão domiciliar porque não há vagas nos estabelecimentos
penais apropriados para reclusões em regime semiaberto. Para culminar,
vem Dias Toffoli defender que as condenações restritivas da liberdade
sejam trocadas por penas alternativas e multas em dinheiro. Tudo parece
compor um quadro conspiratório para tentar evitar que os condenados pelo
mensalão acabem indo para a cadeia, última barreira a ser superada para
que a impunidade que vigora para crimes cometidos por poderosos e ricos
deixe de ser a regra.
(…)
(…)
Voltei
Os
artigos, uma vez reunidos em livro, ganham uma vida nova. No curso da
leitura, entendemos com mais clareza as estratégias dos advogados dentro
e fora dos tribunais, recuperamos o embate das teses jurídicas,
lembramo-nos de detalhes das chicanas e reavivamos os valores, os bons
valores, que fizeram com que as instituições brasileiras dissessem “não”
aos golpistas.
Que o mensalão produza muito mais livros. Marx, bom frasista mesmo
quando dizia as maiores cretinices, afirmou na “11ª Tese sobre
Feuerbach”: “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes
maneiras, trata-se, entretanto de transformá-lo”. Não há como salvar
essa tolice mesmo no ambiente do texto original. Parece inteligência,
mas é obscurantismo.
O nosso papel, o de filósofos, jornalistas, historiadores — cada
trabalho com seu acento peculiar —, é mesmo este: interpretar o mundo. É
o modo que temos de transformá-lo. De resto, ansiamos para que todos,
mesmo os homens especialmente talhados para a “transformação”, jamais
abandonem a teoria e o pensamento. Leiam “Mensalão”, um livro que ousa
interpretar a realidade tendo como norte os fatos.
Do Blog do Amoral Nato
Do Blog do Amoral Nato
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