“Um ano após o incêndio que consumiu 70% das suas
instalações, a ‘Estação Antártica Comandante Ferraz’ renasce em meio ao gelo.
Com a paciência que o continente gelado exige e os R$ 40 milhões emergenciais
liberados pelo governo federal logo depois do desastre, militares da Marinha
do Brasil limpam a região e constroem os 39 módulos provisórios para abrigar
os militares que passarão o inverno por lá, apoiando as pesquisas. Somente
este ano são 20 projetos científicos.
Desde sua criação, em 1982, o ‘Programa Antártico’
(PROANTAR) brasileiro nunca foi interrompido. Nem mesmo pelo fogo que atingiu
40% dos estudos em andamento. Graças ao esforço de cientistas e militares,
que trocam o calorento verão brasileiro pelo verão antártico, quando a
temperatura média de 0ºC permite o deslocamento pela região mais inóspita do
planeta.
A Marinha conserva efetivo permanente no
território do extremo sul da Terra há 31 anos. São 15 militares, que ficam
por um ano na ‘Estação Comandante Ferraz’, dando todo o apoio logístico para
pesquisas. Duas embarcações participam dos trabalhos no verão. Além de
transportar víveres e pesquisadores, os navios funcionam como
miniuniversidades. Juntos, eles têm sete laboratórios.
Por meio de reportagens, o ‘Correio’ mostrou o
esforço brasileiro para manter o PROANTAR. Um repórter do jornal passou
quatro dias no Polo Sul, com os militares e cientistas do país. Há 31 anos
com seu programa antártico, o Brasil tem motivos científicos, políticos e
econômicos para investir tempo e dinheiro em território tão distante e
hostil.
Manter estações e realizar pesquisa contínua em
terras e águas austrais são exigências para garantir uma cadeira no grupo de
28 países com poder de voto no ‘Tratado da Antártica’. Entre as normas, o
acordo internacional embarga até 2048 a exploração econômica na região.
Quando for decidida a exploração mineral, o Brasil vai ter voz ativa.
O PROANTAR passa por reformulação científica,
mais um movimento para aumentar a relevância do país entre os membros do
tratado. A guinada passará por ampliar a cooperação com centros de excelência
internacional e por expandir as pesquisas para outras regiões da Antártica.
Uma das principais buscas é aprimorar as previsões meteorológicas, o que terá
impacto direto na produtividade da agricultura, algo primordial em um país
considerado celeiro, como o Brasil.
Os 14 milhões de quilômetros quadrados da
Antártida — o equivalente a um Brasil e
meio, mas que pode chegar a 32 milhões km² no inverno, com o congelamento dos
mares —, conservam 90% do gelo e 80% da água doce do planeta. No
continente também foram encontrados 176 tipos de minerais. Acredita-se que os
recursos possam suprir a economia mundial por 200 anos.
No entanto, comparado a outros países, o
investimento brasileiro na Antártida é pífio. Dono do programa mais ambicioso
do planeta, os Estados Unidos aplicaram no ano passado US$ 76 milhões (R$ 149
milhões) só em pesquisas — sem contar a
logística. No Brasil, o Ministério da Ciência e Tecnologia investiu R$
144,8 milhões em 12 anos. Só em 2012, a Índia aplicou R$ 13,7 milhões; a
China, R$ 19,6 milhões. Considerado o potencial da região, a conclusão é uma
só: nenhum país está lá por acaso.”
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FONTE: publicado no jornal “Correio
Braziliense” e transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?page=notimp). [Imagem do Google adicionad por este blog ‘democracia&política’].
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