O
Ministério da Justiça em nota do dia 27 último, informou ter acolhido,
para análise legal, o pedido de refúgio político do militante basco
Joseba Gotzon. Joseba foi preso - segundo a imprensa espanhola, por
agentes do governo de Madri, “com a cooperação” da polícia brasileira –
mediante mandado de prisão da justiça de Madri. Na realidade, e conforme
a nota divulgada pelo Ministério, Joseba foi detido no Rio de Janeiro,
por usar documento falso – esse é um recurso histórico de todos os
perseguidos políticos. As leis formalmente o punem. Os juízes, quase
sempre, o reconhecem como legítimo a quem tem a sua vida ameaçada.
Preso
no dia 18 de janeiro, só 13 dias depois, em 1º de fevereiro, Joseba
conseguiu que o seu pedido de refúgio chegasse ao órgão próprio do
Ministério da Justiça. No dia 4, por via diplomática, o governo espanhol
solicitou ao Brasil a extradição do prisioneiro, acusado de, há 15 anos
- em 1988 - ter tentado matar um policial espanhol, identificado por
ETA como torturador de prisioneiros políticos bascos.
A
nossa lei é clara: se há um pedido de refúgio político anterior ao
pedido de extradição, o governo terá que examina-lo antes: se concedido o
refúgio, não há mais extradição.
Houve,
no caso de Battisti, inusitada e absurda intromissão em nossos assuntos
internos com a ação junto ao STF – contra o nosso próprio Estado –
proposta pelo governo italiano. Mas, ao reconhecer que caberia ao poder
executivo a palavra final, o STF repeliu a protérvia.
A
Espanha monárquica e centralizadora parece contar seus dias, em uma
Europa que se despedaça, e parece incapaz de fazer de seus escombros
novo edifício. Madri, nas negociações com os bascos, procura ganhar
tempo, e procura também ganhar tempo, quando Rajoy decide recorrer ao
Tribunal Supremo, a fim de impedir o processo separatista catalão.
Embora
muitos de seus pensadores já tenham indicado a forma de construir a
unidade da Espanha, os conservadores se negam a segui-lo: é necessário
restaurar a República que as massas, nas ruas, proclamaram em abril de
1931, depois da vitória dos republicanos nas eleições municipais,
malograda com o assalto franquista.
Restaurada
que for a República, é preciso retomar os projetos federalistas, de que
os catalães foram, no passado, os principais defensores. Não há outro
caminho: a Espanha se torna República Federal ou se desintegra.
Quando
o Ministério da Justiça, analisado o pedido de Joseba, deferi-lo, o
militante basco deverá ser colocado em liberdade, e responder, como de
praxe, pelo crime de falsidade ideológica. Como a doutrina jurídica
prevê atenuantes, quando a falsidade ideológica não prejudica outra
pessoa, espera-se que o militante basco – como ocorreu a Battisti -
volte ao seio de sua família e ao trabalho de professor de língua
espanhola em nosso país.
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