
A essa hora, fico imaginando os processos que se passam pela cabeça de José Serra.
Sérgio Guerra, o bab… (na definição de Lula), agredi-lo com a declaração de que não teria 3% nas prévias tucanas, bem…
Está na conta dos ódios entre os dois.
Mas Fernando Henrique, o homem a quem socorreu nas horas mais
difíceis, ajudando a varrer para baixo do tapete escândalos que poderiam
tê-lo impedido, até, de ser Presidente (uma história que vai acabar
aparecendo, não demora), fazer isso?
E, ao contrário, de quem suportar a herança política impediu-lhe de realizar o sonho de ser Presidente?
Se eu escrevesse romances, como gostam de fazer na Veja,
a cena de Serra lendo em silêncio, os lábios volta e meia se repuxando
para os lados, o ódio injetando-lhe os olhos, ao ler a entrevista da FHC
ao Valor seria maravilhosa.
Mas é melhor ficar no bom e velho jornalismo e destacar o que disse o ex-amigo Fernando Henrique:
“ É frágil [a candidatura Serra] Qual é a dificuldade? A dificuldade [para Serra] é
que o PSDB em sua imensa maioria está com Aécio. Quer o Aécio. Então,
acho que a pessoa tem que ser realista, até que ponto tem sentido se
apresentar como candidato ou não. Mas isso só o tempo vai mostrar, se é
possível ou não.
Valor: O sr. vê uma diferença grande no processo de escolha desta vez em relação às outras eleições?
FHC:
Ah, sem dúvida. Nos outros anos, houve muito mais indecisão. O partido
estava mais dividido. Agora não. O que tem é uma aspiração legítima do
Serra, mas não é que o partido se dividiu entre um e outro. Neste
momento, nos diretórios, que eu saiba, não existe nenhuma cisão dentro
do PSDB. O PSDB está ao redor da candidatura do Aécio.
Valor: Há clima para prévias?
FHC:
Eu acho difícil. Mas, claro, se o Serra insistir em ser candidato ele
tem o direito. Agora o partido também tem a obrigação de dizer: “Vamos
resolver isso logo, não pode esperar”. Para não cair nos erros do
passado.
Valor: Até quando o sr. acha que o partido pode esperar?
FHC:
Primeiro temos que deixar passar o que vai acontecer agora no fim do
mês. Não adianta especular antes da hora. Meu palpite é que Serra fica.
Se não ficar, muda tudo. Por que é ele e outros. Mas não há tendência
nenhuma de as pessoas saírem. Não há. Ninguém. Nenhuma força importante.
Até porque as dificuldades do governo [federal] são enormes. Nunca
houve conjuntura tão favorável a uma alternativa. Nosso dever é
construir essa alternativa, com seriedade, o quanto antes e juntando
gente.
Nenhum apelo para que Serra fique, nenhuma palavra sobre a
importância de seu apoio, nenhuma concessão sobre a memória eleitoral
que o coloca, nas pesquisas, à frente de Aécio.
O máximo que diz é: não devia ir, mas se quiser vá.
Como diria o Paulo Preto: não se abandona um companheiro assim na beira da estrada…
Daí em diante, deixo por conta de cada um imaginar o que Serra fará.
Que ele estivesse disposto a vender caro a primazia tucana para Aécio, é possìvel entender.
Mas exigir-lhe que a entregue de barato e em condições humilhantes, sobretudo depois que admitiu publicamente sua candidatura?
Serra tem cargas poderosas nos seus porões e o ressentimento é má companhia para estes guardados explosivos.
E, podem crer, ele vai dar sinais disso, publicamente.
E, nada publicamente, começar a destilar seu vingativo chorume.
Por: Fernando Brito
Do Blog Contexto Livre
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