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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Áudios colocam CBF contra Globo


                                                                                                             
Após reportagem no Jornal Nacional contra Ricardo Teixeira, a confederação teria intenção de mostrar como a emissora manipulou horários de jogos.

Não demorou muito para Ricardo Teixeira enviar um recado à Rede Globo após uma reportagem contrária ao presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ser veiculada no Jornal Nacional, no sábado 13. Na matéria, o manda-chuva do futebol nacional é apontado entre os investigados pela polícia por irregularidades no amistoso entre Brasil e Portugal em 2008, em Brasília.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Ricardo Teixeira se sentiu traído pela emissora e agora teria a intenção de divulgar gravações de conversas com o diretor da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto – feitas sem autorização -, que podem constranger a Globo junto aos espectadores e anunciantes.
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Nas fitas, há evidências de como a Globo manipulou os horários das partidas de times e da seleção brasileira para que se adequassem a sua grade de programação. Além disso, Teixeira possuíria áudios de emissários globais fazendo comentários hostis contra as concorrentes Record e Bandeirantes.
A reportagem da Globo mostrou que os nove milhões de reais gastos no evento deveriam ter sido pagos pela organizadora Ailanto Marketing, criada pouco antes do amistoso, e não pelo governo do Distrito Federal.
Antes de o Jornal Nacional se manifestar sobre as acusações a Ricardo Teixeira, Milton Leite, narrador e apresentador da Globo e SporTV, comentou o assunto. “Chama a atenção o fato de Ricardo Teixeira considerar-se acima do bem e do mal, poderoso ao extremo, a ponto de menosprezar veículos de comunicação e autoridades sem a menor cerimônia”, disse em seu site pessoal. O profissional alegou que a sua audiência o cobrou por um posicionamento, mas não revelou se foi autorizado pela emissora a discutir o assunto.
Provocações
Em um perfil publicado em julho pela revista Piauí, Ricardo Teixeira tripudiou da mídia brasileira e afirmou não temer as denúncias a seu respeito veículadas na mídia nacional. “Caguei, caguei de montão”, declarou.
À época, o dirigente da CBF foi acusado pelo senador inglês e ex-presidente do comitê da candidatura da Inglaterra a sede da Copa de 2018, David Triesman, de ter pedido propina para apoiar a candidatura daquele país. Além disso, a rede de televisão britânica BBC incluiu Teixeira entre os integrantes de um esquema de propina da empresa de marketing esportivo ISL, que possuía os direitos de transmissão e dos contratos de patrocínio das Copas do Mundo. No esquema, ele teria recebido cerca de 9,5 milhões de dólares durante os anos 90.
“Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito na Globo. Só vou me preocupar quando sair no Jornal Nacional”, disse no perfil.
A reportagem do Jornal Nacional ocorreu dias após a Rede Globo liberar um manifesto de princípios, no qual o compromisso com a isenção e a ausência de “temas tabus’’ na emissora são destacados.
Czar
Na polêmica entrevista à Piauí, Teixieira ainda afirmou que fará as maldades que quiser na Copa de 2014 e saíra impune. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Porque eu saio em 2015”.
Em entrevista a CartaCapital, em julho, o jornalista Juca Kfouri, processado mais de 50 vezes por Teixeira, criticou a soberania do dirigente em relação ao evento. Na França, o presidente do comitê organizador da Copa de 1998 era Michel Platini, então o maior jogador da história do futebol francês. A Copa 2006 da Alemanha foi comanda por Franz Beckenbauer. Será que no Brasil não temos um nome que seja internacionalmente respeitado para o cargo?”, alfinetou.
Fora Teixeira
As declarações de Teixeira para a revista também deram origem ao movimento Fora Teixeira, organizado por meio de mídias sociais. Manifestações já ocorreram no Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, onde cerca de 400 pessoas se reuniram na Avenida Paulista no sábado 13, até o momento, a edição do movimento com maior número de participantes.

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