Os recentes escândalos de corrupção nos ministérios, com o afastamento de ministros e de outros funcionários do alto escalão em Brasília, são destaque na edição desta semana da revista britânica "The Economist" , que analisa as consequências que a reação da presidente Dilma Rousseff às denúncias pode causar ao seu governo. Segundo o artigo, "Dilma chegou ao Palácio com a reputação de uma gerente 'no-nonsense'. Quase oito meses depois do início de seu mandato, ela se viu sugada para dentro do pântano político que é Brasília".
A revista, porém, elogia a atuação da presidente diante dos escândalos, que levaram à saída de ministros como Antônio Palocci, da Casa Civil, Alfredo Nascimento, dos Transportes, e Wagner Rossi, da Agricultura, além de dezenas de diretores e servidores dos Transportes.
A prisão de 30 funcionários do Ministério do Turismo, incluindo o homem de confiança do ministro, por suspeita de roubo de dinheiro público também é destaque no artigo. "No meio de tudo isso, a presidente demitiu o ministro da Defesa", destaca a publicação.
" Com a deterioração da economia mundial, a capacidade de Dilma Rousseff em impor sua autoridade sobre seus aliados importa bastante para as perspectivas do Brasil "
"Ela reagiu com firmeza aos escândalos de corrupção, e está se esforçando para preencher as vagas do governo pelo mérito e não através de conexões políticas. Sua recompensa tem sido sinais de motim em sua coligação. Com a deterioração da economia mundial, a capacidade de Dilma Rousseff em impor sua autoridade sobre seus aliados importa bastante para as perspectivas do Brasil", analisa "The Economist".
A revista diz ainda que, lentamente, "Dilma está colocando sua própria marca em um governo que ela herdou de seu antecessor e mentor político, Luiz Inácio Lula da Silva". A publicação destaca também a retirada de apoio do PR, após a demissão do seu presidente, Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes. "Mais perigoso, porém, é o descontentamento do próprio PT e do seu maior aliado, o PMDB, do vice-presidente Michel Temer (...) Ambos consideram Dilma perigosamente ingênua", afirma o artigo.
Segundo o "Economist", porém, o maior teste legislativo para Dilma Rousseff será a votação, antes do final do ano, de uma provisão, em vigor desde 1994, que dá ao governo autonomia de remanejar até 20% do orçamento federal. Para conseguir a aprovação, a presidente precisa do apoio de três quintos de ambas as casas do Congresso.
"O mais importante para a popularidade geral de Dilma Rousseff será manter a inflação sob controle e garantir que um esfriamento necessário da economia não acabe em estagnação", encerra o artigo.
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