Nas conversas reservadas com dirigentes do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem defendido que o partido dê apoio à presidente Dilma Rousseff no combate à corrupção. FHC acha que o PSDB deveria abandonar a articulação para criar uma CPI da Corrupção no Congresso.
O ex-presidente conversou sobre o assunto com os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG). A recomendação foi transmitida ao senador mineiro Aécio Neves, hoje o primeiro da fila tucana para disputar o Palácio do Planalto em 2014.
A presença de FHC no encontro de Dilma com governadores do Sudeste, na quinta (18/08), em São Paulo, foi calculada para se transformar num gesto de apoio à presidente. No evento, houve o lançamento do projeto "Brasil Sem Miséria" para a região.
Na visão de FHC, se o PSDB bombardear Dilma agora, o principal efeito será torná-la refém dos setores mais fisiológicos e atrasados de sua base de apoio no Congresso. Mais: reforçar Dilma diminuiria a possibilidade de uma eventual candidatura presidencial de Lula em 2014.
FHC tem se chocado com o ex-governador José Serra, candidato derrotado por Dilma na disputa presidencial do ano passado. O ex-presidente discorda do tom oposicionista mais duro de Serra, que, hoje, está isolado no PSDB.
Dilma e Temer
Surtiu efeito a correção de rumos na articulação política do governo Dilma. Uma crise que se anunciava pior do que a do Ministério dos Transportes acabou contornada de modo profissional. Houve, de fato, uma melhora na relação entre a presidente e o PMDB.
Ao mesmo tempo, Dilma combinou a manutenção de maioria política no Congresso com rigor no combate às acusações de corrupção. Essa é uma tarefa difícil, que alguns que não têm a responsabilidade de governar um país complexo como o Brasil confundem com leniência ética.
A demissão de Wagner Rossi da pasta da Agricultura, episódio marcado para implodir a relação entre Dilma e o vice-presidente da República, Michel Temer, aproximou os dois. Dilma deu ao PMDB tratamento diferente daquele empregado com o PR.
Segurou Rossi até quando era possível. A saída e a substituição para preservar a família, o PMDB e o padrinho Temer foram feitas com rapidez. Por tabela, a escolha do deputado federal Mendes Ribeiro (RS) amenizou o clima de hostilidade da bancada do PMDB em relação ao Palácio do Planalto.
Dilma parece ter encontrado o tom político, bem como parceiro para a articulação (Temer). Já passava da hora. O governo tem convivido com uma instabilidade política precoce num momento de turbulência econômica internacional.
Na política, a prioridade do Palácio do Planalto é tentar retomar a retomar a iniciativa, como o republicano encontro da petista com tucanos em São Paulo. Na economia, encontrar as medidas certas para amenizar efeitos domésticos da crise econômica mundial. Uma delas é aumentar a pressão sobre o Banco Central por redução imediata da taxa de juros básica, a Selic.
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