“Meu caro amigo, toda a teoria é névoas; auriverde só a árvore da vida” ( Fausto – Goethe)
A experiência de escrever, fazer um blog, por menor que seja, é riquíssima, incentiva nossas mentes a funcionar com maior vigor, impulsiona a atividade intelectual, ter mais rigor e compromisso, tem uma série coisas prazerosas e positivas que se descobre quando se começa a produzir um blog. Às vezes o receio, medo, de que não saía bom aquilo que escrevemos acaba retardando o início desta aventura, mas depois que se começa, difícil parar.
Porém a cada dia chego algumas conclusões pesadas sobre a atividade de blogueiro e sua função, as piores são as seguintes:
1) Longe de projetos coletivos, muitos de nós acha que deve dar respostas a TODAS as demandas: Políticas, sociais, econômicas, culturais e estéticas;
2) Tentar abarcar amplas demandas piora em muito a qualidade do produzimos, não precisamos dar respostas a tudo o que acontece;
3) Viramos doutores e “sabe tudo”, na verdade sabemos muito pouco de muitos temas, ou sabemos muito de poucos temas;
4) Blogueiro se torna um pequeno ditador do seu pensamento, incluo-me, obviamente;
5) Combinação explosiva de Blog, Twitter e Facebook levam a um distanciamento do mundo real;
Esta coisa de saber que o mundo não gira em torno de nós deve ser o primeiro ponto a ser visto como fundamental na hora de escrever textos e exercer a atividade de blogueiro. A tentação de responder a tudo e todos francamente nos fragilizam, pois as respostas são piores à medida que não dominamos determinados assuntos, conceitos e fundamentos. Temos que ter humildade de procurar fazer bem feito o que de melhor conhecemos.
O risco de querer virar “Guru”, superhomem, ou supermulher, apenas porque em algum momento o que escrevemos tem uma boa sintonia com alguns que nos lêem não nos dar garantia que sejamos superiores ou que tenhamos respostas sempre boas e verdadeiras para nossos amigos. A interação e o bom debate no mesmo nível com os que nos lêem é fundamental para aferirmos o que realmente podemos contribuir, talvez com algum acúmulo sobre determinados temas que temos maior domínio. Nada, além disto.
Mas o maior problema é quando o blogueiro, deliberadamente, não participa de movimentos coletivos, organizações culturais, políticas, sociais ou partidos começam a achar que pode sobrepor com seu blog, estas ações coletivas. Menospreza o elemento coletivo, achando que sozinho dará resposta ao mundo, autoritariamente tenta fazer às vezes, a função daqueles, mas óbvio que não consegue ir além dos seus mais próximos leitores. Depois quando as coisas não acontecem costumam culpar as organizações coletivas por não terem lhe dado o suporte. É uma flagrante contradição, pois o voluntarismo individual, não o fez dialogar com o coletivo, quando a sua ação fracassa culpa o coletivo.
Nortear a ação do espaço opinativo individual e buscar se inserir em espaços coletivos, colaborativos, deveria ser o ideal dos blogueiros, compartilhar as experiências, entender como cada um pode influir e contribuir com o debate e a intervenção social. Ainda continuo acreditando na soma das idéias, não conheço ninguém que tenha dado resposta a tudo, mesmo os mais geniais sempre buscaram o mundo coletivo para inferir suas idéias e ações. Mas a internet parece que mexeu com o Ego, que quanto mais inflamado mais individualista.
Outro dia um destes “famosos” chegou a dizer que não debateria com ninguém sobre Belo Monte se não tivesse escritos fortes e consistentes, mais uma prova de se subestima a inteligência por ter um “blog”. Uma vez nominei de “Personal Ideologic” outra figura que achava que podia “corrigir” o pensamento político de outro apenas por ter um blogão.
Precisamos sim debater, mas sem querer impor aquilo que julgamos ser “certo”, o espaço que, por exemplo, ocupo é à esquerda, procuro colaborar com este debate, mas sem usar “peso” de blog, ou de trajetória pessoal, mas claro nem sempre conseguimos, caímos muitas vezes na mesma tentação, mas afirmo, aceito as críticas e ponderações nos debates. Blog, Blogueiro, quando escreve tem de estar disposto a ser contrariado, ser desdito, no momento que escreve e torna público ele tem que se conscientizar que será alvo da crítica, justa ou não, mas não pode deixar debater, isto não tem a ver com patrulhamento político ou ideológico, é a contestação natural num mundo amplo e democrático, sem entender isto falamos apenas para nós mesmos, não cultivamos o senso crítico que tanto nos ajuda a mudar de pensamento e idéias
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