Daughter of ‘Dirty War,’ Raised by Man Who Killed Her Parents.
Tradução: Filha da " GUERRA SUJA", criada por homem que matou seus pais".
By ALEXEI BARRIONUEVO. por Alexei Barrionuevo
Victoria Montenegro.
Joao Pina- for The New York Times -João Pina para o The New York Times
Tradução do Inglês: Giovanni G. Vieira
Comentário do tradutor: As revelações de Victoria Montenegro põem a nu os crimes hediondos da camarilha militar fascista que tomou de assalto o poder na maioria dos países da América Latina, inclusive no Brasil, a partir da década de 1960.
Obra e ação das forças imperialistas ( Operação Condor) sob o comando de Uncle Sam (EUA).
É ler e repassar...sem hesitação, visto tratar-se de crimes hediondos - sequestro, terrorismo de estado, tortura e assassinato de presos políticos indefesos, - crimes contra a humanidade, que segundo a Organização das Nações Unidas, ( ONU) são é imprescritíveis.
Vide Tribunal de Nuremberg, quando julgou e condenou à prisão perpétua - e alguns até à morte - torturadores e assassinos nazi-fascistas.
Ciao,
Giovanni
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Victoria Montenegro, 35 anos, relembra sua infância cheia de discussões deprimentes à hora do jantar, quando o tenente-coronel Hernán Tetzláff, chefe da família, costumava recontar as operações militares de que participara como, por exemplo, as sessões de tortura e morte de "subversivos", história que sempre terminava com o coronel "batendo com o revólver sobre a mesa ", diz ela.. Ele a sequestrou do convívio dos pais verdadeiros quando ainda recém-nascida.
Foi necessária uma busca incessante levada a cabo por um grupo dos defensores dos direitos humanos, inclusive com exame de DNA, para pudessem chegar a conclusão de que o coronel Tetzláff não era, de fato, o pai de Victoria Montenegro - muito menos o herói que ele afirmava ser.
Muito pelo contrário, ele foi o homem responsável pelo assassinato dos meus pais, e de me haver criado como filha verdadeira, disse ela.
Em 2000, Tetzláff contou a ela o que ele havia feito. Mas só depois de seu depoimento perante um tribunal argentino na primavera passada, Victoria conseguiu romper com o passado, apagando de uma vez por toda o nome que o coronel e sua mulher lhe haviam dado - Maria Sol - depois de terem falsificado sua certidão de nascimento.
O julgamento, em fase final, está conseguindo provar, pela primeira vez, a ação de militares do alto escalão das forças armadas argentinas no que diz respeito ao envolvimento em um plano sistemático para roubar bebês de supostos inimigos do governo.
O general Jorge Rafael Videla, um dos ditadores argentinos, é acusado de encabeçar ação para tirar bebês de suas mães quando estas se encontravam presas em centros de detenção clandestinos, e de entregá-las a militares ou terceiros, sob condição de que os " novos pais" ocultassem a verdadeira identidade das crianças.
Videla é um dos onze oficiais a enfrentar julgamento por 35 atos de apropriação ilegal de menores.
O julgamento está também revelando a cumplicidade de civís, incluindo juízes e representantes da igreja católica apóstolica romana.
O sequestro de cerca de 500 ( quinhentos) bebês é um dos mais traumáticos capítulos da ditadura militar, que governou a Argentina de 1976 a 1983. O esforço frenético das mães e avós para localizar as crianças desaparecidas nunca perdeu de intensidade.
Foi um crime que os presidentes civís eleitos depois de 1983 recusaram perdoar, mesmo depois da concessão da anistia, disse José Miguel Vivanco, diretor para a América Latina da organização Human Rights Watch.
No continente, o roubo de bebês foi ação exclusiva da ditadura argentina, disse Vivanco. Fato semelhante não ocorreu no vizinho Chile, cuja ditadura militar durou 17 anos.
Padres e bispos argentinos justificavam seu apoio à ditadura, baseando seu comportamento em conceitos de segurança nacional. No que se refere ao sequestro de bebês e crianças pequenas, disseram que assim agiram para que elas não fossem "contaminadas" por inimigos da esquerda, declarou Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio-Nobel de defensor dos direitos humanos, que investigou o desaparecimento de dezenas de crianças e testemunhou no mês passado sobre o rumoroso caso.
" Eles achavam que estavam fazendo algo cristão como, por exemplo, nos batizar e nos dar a oportunidade de sermos melhores do que nosso pais. " Achavam e sentiam que estavam salvando nossas vidas", disse Victoria.
Representantes da igreja católica da Argentina e do Vaticano não quiseram responder às perguntas sobre o seu conhecimento ou ocultação no caso das adoções.
Durante muitos anos foi inútil a busca por crianças desaparecidas. Isso mudou na última década graças a um maior apoio dos governos civís, avançada tecnologia forense e exames científicos fornecidos por bancos de dados genéticos.
A última "adotada", Laura Reinhold Siver, faz parte de um total de 105 pessoas que tiveram suas identidades recuperadas em agosto passado.
Entretanto, processo de aceitação da verdade pode ser longo e tortuoso. Durante anos Victoria Montenegro rejeitou os esforços oficiais e de advogados para descobrir sua verdadeira identidade. Desde criança ela recebeu " forte educação ideológica de seu "pai", o coronel Tetzláff, oficial do exército argentino, lotado em um centro de detenção clandestino.
" Cresci pensando que na Argentina havia ocorrido uma guerra, e que nossos soldados tinham participado dela para "defender a democracia", acrescentou Victoria no seu depoimento perante o tribunal.
Certa vez, o coronel levou-me para conhecer um centro de detenção onde ele passou horas a discutir com colegas de farda como tinha torturado e assassinado centenas e centenas de presos políticos, contou Victoria.
Victoria Montenegro diz que se recusa em assistir a filmes sobre a "Guerra Suja", inclusive a " História Oficial", filme de 1985 sobre uma menina de classe-média alta, tirada dos cuidados dos pais verdadeiros, que desapareceram misteriosamente durante a ditadura.
As mães de Praça de Mayo que tiveram seus filhos sequestrados durante a ditadura militar argentina, protestando em Buenos Aires em 1997.
Foto da associated Press
Matéria recebida por e-mail do amigo JOTA
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