Guerrilheiro Virtual

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Prefiro nossa parte em dinheiro


George Buck: My apologies Brazil

 
Acabo de ler que George Buck, presidente da Chevron, decidiu pedir desculpas ao país. “Peço sinceras desculpas à população e ao governo brasileiro”, disse ele no Congresso.
 
Sinceramente, prefiro nossa parte em dinheiro. É uma linguagem mais realista.
 
Pedir desculpas virou um truque tão banal de relações públicas que já deveria ter sido retirado dos manuais da profissão por falta de originalidade.
 
O último caso foi aquele cartola da FIFA que disse que não havia racismo no futebol. Pegou mal. Aí, ele pediu desculpas.
 
Pedir desculpas não custa nada. Só nos lembra que vivemos um tempo de discursos programados, frases insinceras, emoções encomendadas, quando é possível comprar máscaras para a hipocrisia.
 
Pedir desculpas dá um caráter sentimental a uma discussão que deveria ser séria sobre responsabilidades. Oferece um perfil humanizado a personagens que precisam desesperadamente convencer a população que respeitam seus direitos e seus valores.
 
A reação de George Buck foi de uma arrogância que lembra os piores momentos em que senhores de ar colonial visitavam o país e pensavam que a capital do Brasil era Buenos Aires.
 
O sujeito interrompeu uma entrevista porque não gostou das perguntas dos jornalistas. Imagine se fosse o Hugo Chávez… Melhor: imagine se tivesse feito isso nos Estados Unidos…
 
Acidentes na exploração de petróleo fazem parte do risco da atividade.
 
Ocorrem no mundo inteiro e é difícil imaginar uma situação de risco zero. Todo cuidado é pouco, portanto.
 
O limite máximo de multa, no Brasil, é de 50 milhões de reais, quantia irrisória para uma das grandes petroleiras do planeta. Em vez de pedir desculpas, talvez fosse o caso de George Buck agradecer nossa generosidade.
 
Coincidência curiosa. Na gíria americana, a palavra “bucks” quer dizer dólares. Engraçado, não?
 
Paulo Moreira Leite
 
No Vamos combinar
 
Do Contexto livre

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