O major brigadeiro Rui Moreira Lima era o ministro da Aeronáutica do governo João Goulart quando os norte-americanos assumiram o comando de parcela das nossas forças armadas, derrubaram o presidente no golpe de 1964. Foram comandados por Vernon Walthers, amigo de Castello Branco – primeiro ditador – e oficial de ligação entre as forças dos EUA e do Brasil durante a 2ª Grande Guerra.
Walthers se ocupou da parte militar e Lincoln Gordon, o embaixador, de ser o intérprete de empresários, banqueiros e latifundiários.
O blog QUEM TEM MEDO DA DEMOCRACIA publicou nessa semana que se encerra uma entrevista histórica com o brigadeiro Moreira Lima. A prova viva que as forças armadas não são, necessariamente, um departamento do Pentágono. Existem militares com sentimentos e consciência voltados para o Brasil e os brasileiros.
Nem todo militar se chama Brilhante Ulstra.
Rui Moreira Lima condenou os torturadores, considera a tortura degradante para uma força armada, foi claro e veemente ao afirmar que torturadores devem ser punidos.
Esse é um dos aspectos da entrevista de um militar cuja bravura reside na dignidade e no compromisso com seu País e seu povo.
Outro ponto de suma importância na entrevista de Moreira Lima é o canal. Um blog. Isso soa como atestado de óbito da mídia tradicional em termos de independência, de compromisso com a informação real, de integridade. A mídia tradicional não tem nenhuma e o QUEM TEM MEDO DA DEMOCRACIA exibe uma realidade, as novas formas de comunicação, que suplanta o medo, a mentira, o mau caratismo e o caráter vendilhão de GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, ESTADO DE MINAS, RBS, etc, que pululam por aí vendendo a idéia que o mundo é o que Miriam Leitão acha, mas a soldo dos banqueiros.
A entrevista de Moreira Lima e o QUEM TEM MEDO DA DEMOCRACIA simbolizam toda a luta de blogs e sites independentes. Uma rede, esse o significado de rede, que busca um caminho, que tem um mapa para esse caminho e sabe que é preciso ter determinação e coragem. Foi o que aconteceu.
Como acontece nas ruas do Cairo. Centenas de milhares de egípcios vivem o problema de um governo militar subordinado a potência estrangeira. Como os golpistas de 1964 aqui no Brasil.
Os egípcios não querem os militares governando o país. Esses, por anos a fio não só se acovardaram diante do principal inimigo – Israel – como aceitaram e aceitam o controle vindo de fora. Não sabem o que fazer, estão na expectativa das ordens de Washington e Tel Aviv.
É como se o Egito estivesse emergindo das pirâmides seculares e reencontrando sua história de nação vital para o processo da civilização.
Se olhada por outro ângulo faz sentido agora, hoje, a frase de Napoleão Bonaparte dita quando chegou àquele país – “soldados, 40 séculos de história vos contemplam”.
O Egito é a maior potência do mundo árabe e isso traz sérios problemas para os EUA e para Israel. O complexo nazi/sionista que aterroriza e domina o mundo tem diante de si um problema sério. Quer o respeito aos direitos humanos na Síria, não pode aceitar a repressão promovida por seus aliados militares no Egito – pega mal – e ainda se vê às voltas com 20 milhões de indigentes dentro do território norte-americano e milhares de pessoas ocupando centros econômicos de cidades estratégicas, como Wall Street.
Com uma referência comum. Lá, em New York, como em Damasco, ou no Cairo, as polícias baixam o sarrafo.
São os estertores da democracia como a conhecemos – farsa – e do capitalismo.
Não significa que a morte vá ser rápida, a agonia pode durar muito. Nessa mesma semana testaram um míssil supersônico capaz de atingir qualquer parte do planeta em uma hora e despejar ogivas nucleares.
O argumento da boçalidade.
Permanecem os escombros da Comunidade Européia. As colônias norte-americanas buscam ar de forma desesperada para salvar seus bancos e financiar suas guerras estúpidas.
E trabalhadores continuam nas ruas protestando contra a conta apresentada pelo que não foi consumido, sem falar em redução de direitos e aumento de obrigações.
É a barbárie com os requintes e perversidades da tecnologia dos dias atuais.
Histéricos saúdam uma “vitória” da direita na Espanha. Onde houve governo de esquerda na Espanha?
Em meio a esse caos o simulacro histriônico de Mussolini, Sílvio Berlusconi, lança um CD de baladas românticas.
De calça curta, mas bolsos cheios foi pega a CHEVRON. A empresa que opera no Brasil na bacia de Campos, RJ, anunciou um vazamento num dos poços. Chamou correndo a GLOBO, fechou o setor a sete chaves, pagou a sua “verdade” – a GLOBO existe para isso, repórter voar em avião de empresa que compra a “verdade” – e na outra ponta, a verdade não adjetiva, estava tentando atingir a camada do pré-sal para piratear petróleo brasileiro. É bom não esquecer, ter sempre a cabeceira um papel pequeno lembrando que FHC acabou com o monopólio estatal do petróleo.
A crise na Comunidade Européia expõe uma face cruel desses países e povos. Imigrantes passam a correr riscos e começam a ser culpados e perseguidos pela crise. A Secretaria Nacional de Mulheres através de decisão da secretária Iriny Lopes criou uma linha telefônica para denúncia de mulheres brasileiras que estejam sendo vítimas de violência dos “civilizados” europeus. Com certeza não são trabalhadores, mas policiais como os que mataram Jean Charles em Londres.
Gregos, italianos, franceses, portugueses, espanhóis, tanto quanto egípcios, norte-americanos, iemenitas, israelenses, estão nas ruas protestando contra seus governos. Indignados. É preciso mais que isso. É fundamental que esses movimentos tenham diretrizes básicas, objetivos definidos, do contrário o bicho papão do capitalismo vem e come. Sem esses pressupostos não vamos a lugar algum, seremos como a rainha gaulesa que com mais de 100 mil homens foi derrotada e massacrada, ela e seu povo em busca de liberdade, por pouco mais de dois mil legionários romanos.
Por fim, a Rússia parece ter acordado. Medved e Putin anunciaram que estão posicionando mísseis e ogivas nucleares em áreas estratégicas, não querem bases norte-americanas ou da OTAN próximas de suas fronteiras e nem querem o Irã destroçado pela insânia terrorista/capitalista.
São cada vez mais concretas as possibilidades que Stanley Kulbrick tenha razão. Em seu filme DOUTOR FANTÁSTICO exibe um general norte-americanos, olhos esbugalhados, loucura visível a olho nu, anunciando a corrida para as cavernas. Nunca saíram de lá. É o habitat do capitalismo. Sombrio e predador.
E haja Copa do Mundo. Por um certo período na vassalagem costumeira de nossos governos, boa parte do território brasileiro passará a pertencer à FIFA. Ricardo Teixeira rege a orquestra e coloca o presidente do Corinthians para encerrar o ano no show dos esquemas arranjados e bem arranjados.
A esperança que resta é que existe Rui Moreira Lima. Um símbolo.
Fora isso nem o samba e nem Beth Carvalho e sua lucidez podem ser esquecidos. Numa entrevista ao site do IG colocou todos os pingos nos iiis e nos jjjs. É só a turma dos acordos ortográficos não cismar de cortar os pingos.
Uma parte da Entrevista
iG: Por ser oriundo dos morros, o samba foi conivente com o poder paralelo dos traficantes?
BETH CARVALHO: Não, o samba teve prejuízo enorme. Hoje dificilmente se consegue senhoras para a ala das baianas nas escolas de samba. Elas estão nas igrejas evangélicas, proibidas de sambar. Não se vê mais garoto com tamborim na mão, vê com fuzil. O samba perdeu espaço para o funk.
iG: Quem é o culpado?
BETH CARVALHO: Isso tem tudo a ver com a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), que quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura. Estas armas dos morros vêm de onde? Vem tudo de fora. Os Estados Unidos colocam armas aqui dentro para acabar com a cultura dos morros, nos fazendo achar que é paranoia da esquerda. Mas não é, não.
iG: O samba vai resistir a esta “guerra” que a senhora diz existir?
BETH CARVALHO: Samba é resistência. Meu disco é uma resistência, não deixa de ser uma passeata: “Nosso samba tá na rua”...Ainda é tempo pra ser feliz.
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