Wladmir Coelho
Os funcionários públicos de Minas Gerais realizaram no dia 10 de novembro uma manifestação cobrando do governo antigas promessas salariais, implantação de planos de carreira e implementação do piso salarial nacional dos trabalhadores da educação.
O governo estadual, alguns dias antes do protesto, anunciou cortes nos gastos através de medidas como a eliminação dos copos de plástico nas repartições passando pelo fim do contracheque impresso chegando a demissão de contratados da MGS e aumento do esforço para o pagamento em dia dos salários dos funcionários.
Ainda na mesma semana da manifestação dos servidores a Assembleia Legislativa promoveu um grande encontro reunindo governo e oposição revelando o grave problema da divida estadual que supera em seu volume total a receita do próximo ano.
Os números assustaram a todos e chegou-se a conclusão da necessidade de modificação dos índices que corrigem a divida e geram um gasto de R$ 4 bilhões, assim mesmo com B, anuais aos cofres estaduais.
Estranhamente os jornais não publicaram a necessidade de uma auditoria desta divida que já foi paga e nunca chega ao fim em função da prática do anatocismo. Enquanto isso o povo sofre os banqueiros engordam e o Brasil contribui para a salvação do sistema financeiro internacional.
Como sabemos a maior parte dos recursos retirados dos trabalhadores em Minas Gerais é destinado aos cofres da União e destes transformado em títulos internacionais estocados nos bancos dos Estados Unidos e Inglaterra.
Para garantir estes recursos que abastecem os banqueiros aplica-se uma política econômica que arrocha os salários e os funcionários públicos de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e do restante do Brasil sabem muito bem o significado deste termo.
No mesmo dia 10 do protesto dos servidores mineiros o ministro Guido Mantega anunciava um presente para vários estados incluindo Minas Gerais: Sua excelência autorizava aos governadores a ampliação da divida através de empréstimos nacionais ou internacionais como prêmio à política de austeridade que estes governos estabeleceram.
Trata-se naturalmente de uma espécie de compensação a situação de penúria das contas públicas aspecto que reflete diretamente na vida do trabalhador. No caso mineiro o envio de R$ 4 bilhões anuais aos cofres dos banqueiros torna necessário este novo empréstimo para garantir, pelo menos, os compromissos mínimos e naturalmente vai contribuir para retirar de circulação no mercado mundial de alguns milhões de títulos tóxicos.
A divida aumenta, os juros não caem, os salários permanecem arrochados, anunciam-se demissões. Ao povo vendem-se ilusões associadas ao “advento” da copa do mundo em 2014 ou as perspectivas fantásticas do pré-sal.
Na primeira ilusão começamos a sentir na pele a expulsão de comunidades inteiras para áreas afastadas das metrópoles para dar lugar aos hotéis de luxo que depois da Copa ninguém sabe para o que serão utilizados. No segundo caso ficam iludidos todos com uma briga de conveniência em torno do valor dos royalties esquecendo do ponto fundamental: O bem econômico petróleo foi entregue aos oligopólios.
Estamos mais uma vez disputando as migalhas mantendo viva a tradição colonial. Está na hora de mudar este quadro.
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