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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Secretário da Presidência é intimidado por fazendeiros no MS

Fonte: O grobo

Região é marcada pelo conflito fundiário entre indígenas e produtores rurais

Roberto Maltchik
BRASÍLIA - O secretário de Articulação Nacional da Secretária-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos, foi intimidado e constrangido por fazendeiros, após visita ao acampamento indígena tekoha Pyelito kue-Mbarakay, das comunidades Guarani e Kaiowa, que invadiram uma fazenda em Iguatemi (MS), a 470 quilômetros de Campo Grande. A região, conflagrada pelo conflito fundiário entre indígenas e produtores rurais, foi palco de disputas violentas e ataques de pistoleiros, em agosto deste ano.
O incidente, segundo relato de Maldos, ocorreu na tarde do último domingo, após participar da Aty Guasu, grande reunião dos povos indígenas Guarani e Kaiowa. No encontro, o representante do governo discutiu a crise, que culminou no desaparecimento do cacique Nísio Gomes, de 59 anos, no último dia 18 de novembro, em outra fazenda invadida entre Amambaí e Ponta Porã.
De acordo com Maldos, os fazendeiros saltaram de uma caminhonete, quando avistaram o grupo, que deixava uma estrada vicinal, em comboio, em direção a Dourados, principal cidade da região. Na abordagem, um dos homens se aproximou do secretário nacional determinando a ele e aos indígenas que se identificassem. Argumentou que havia "15 índios circulando por aí" e questionando o representante da Presidência se ele seria "responsável por aquilo". Os produtores ainda filmaram os rostos de todos os indígenas, alguns deles com proteção legal da Secretaria Nacional de Direitos Humanos em razão de ameaças de morte.
- Tinha gente protegida sendo filmada. Eles demoraram para entender que a Presidência da República e a Força Nacional de Segurança estavam presentes no local. Eu saio daqui preocupado com a segurança dos indígenas e adverti a ele que, se algo ocorresse com as pessoas filmadas, ele seria investigado.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade representativa das comunidades indígenas, afirmou que na segunda-feira, um dia depois da ação, homens armados, em motocicletas, circularam pela região em busca dos indígenas e ameaçando-os, caso não saíssem do mato. Houve disparos, mas ninguém ficou ferido.
Em agosto, na mesma região, os índios relatam que foram violentamente agredidos por pistoleiros, que derrubaram barracos, ferindo idosos e crianças que caíram em um barranco. Paulo Maldos visitou o local e admitiu que os fazendeiros "ignoraram completamente" a presença do Estado, demorando também a acreditar que ele representava a Presidência da República.
- Perguntei a ele se era policial para exigir documento da gente no meio da estrada. Não era propriedade privada. E que perigo esse grupo podia oferecer a eles? - questionou.
Quatro homens da Força Nacional de Segurança foram chamados para dar reforço, assim que o incidente começou. Maldos afirma que uma série de carros com vidros escuros começaram a circular durante a discussão. Em um deles, a mulher do fazendeiro pegou uma das gravações. Outro fotógrafo acompanhava os proprietários rurais. A Força Nacional revistou o veículo dos fazendeiros, onde não forma encontradas armas. O assessor da Presidência afirmou que não foi lavrado boletim de ocorrência. O caso foi denunciado pelo movimento indígena ao Ministério Público Federal no Mato Grosso do Sul.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/secretario-da-presidencia-intimidado-por-fazendeiros-no-ms-3349979#ixzz1g0743mZv

Do Gilson Sampaio

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