Na quinta-feira (16), a "insuspeita" Anistia Internacional divulgou que as milícias armadas que derrubaram e mataram o ex-presidente Muamar Kadafi, com a ajuda indispensável dos misseis da Otan e dos mercenários dos EUA, estão totalmente "fora de controle”. Segundo a organização, "há um ano, os líbios arriscaram a vida para exigir justiça. Hoje, as suas esperanças se vêem prejudicadas por milícias armadas ilegais que pisoteiam os direitos humanos com impunidade".
Segundo o relatório, as gangues apoiadas pelas potências capitalistas efetuam prisões ilegais, torturam e matam pessoas suspeitas de serem simpatizantes de Kadafi. A Anistia Internacional visitou 11 presídios no centro e no oeste da Líbia durante janeiro e o início deste mês. As prisões são usadas pelas milícias e a organização coletou relatos de inúmeros detentos que foram torturados e maltratados nos locais.
Torturas e mortes com impunidade
Desde setembro passado, houve a confirmação de apenas 12 mortes nas prisões comandadas pelas milícias. O governo fantoche da Líbia não iniciou qualquer investigação sobre os assassinatos. A Anistia Internacional culpa o CNT (Conselho Nacional de Transição) por não combater as violações de direitos humanos. A impunidade garante a ampliação da barbárie no país.
Em janeiro, a organização Médicos Sem Fronteira (MSF) já havia anunciado que encerraria seu trabalho em prisões da cidade de Misrata. Ela constatou que o governo líbio torturava os presos. Desde agosto passado, a organização já havia tratado de 115 presos torturados. Em pronunciamento oficial, ela afirmou que as autoridades do país não tomaram providências contra os abusos.
Oito mil prisioneiros
"Algumas autoridades tentaram obstruir o trabalho médico do MSF. Pacientes eram trazidos para serem tratados entre os interrogatórios para que estivessem em forma para a próxima sessão. Isso é inaceitável. Nosso papel é oferecer cuidado médico em casos de guerra e presos doentes, não tratar repetidamente dos mesmos pacientes entre sessões de tortura", afirmou o diretor geral da MSF, Christopher Stokes.
Segundo a ONU, cerca de oito mil simpatizantes de Kadafi foram presos durante os confrontos no país - além de milhares de mortos, a maior parte atingida pelos misseis da Otan. A situação dos prisioneiros é de total desrespeito aos direitos humanos. "A falta de controle por parte das autoridades centrais criam um ambiente propício para a tortura e os maus tratos", alerta Navi Pillay, a alta comissária da ONU para Direitos Humanos.
Os mercenários da mídia
A mídia imperial e seus satélites colonizados, que deram total apoio às milícias e aos bombardeios das potências capitalistas, agora estão em silêncio. Pouco ou nada falam sobre as torturas e mortes patrocinadas pelos mercenários que agora comandam a Líbia. Cadê o Jornal Nacional da TV Globo com suas matérias sensacionalistas sobre os direitos humanos no país? Cadê o Estadão e a Folha com seus editoriais raivosos contra a ditadura líbia?
De fato, não há muita diferença entre os mercenários líbios, apoiados pelos EUA e pela Europa, e os mercenários da mídia! Eles cobiçam as mesmas riquezas e defendem os mesmos interesses do capital!
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Na sexta-feira (17), a apresentadora de tevê Hala Misrati, famosa por sua defesa do ex-presidente Muammar Kadafi, foi assassinada numa prisão da Líbia. Segundo relatos, a jornalista de 31 anos foi vítima de torturas e de estupros. O governo fantoche da Líbia, bancado pelos EUA e Europa, confirmou a morte, mas não deu detalhes sobre a tragédia.
O assassinato ocorreu no mesmo dia das “comemorações” do primeiro aniversário da vitória das milícias “rebeldes”, armadas pelas nações imperialistas e auxiliadas pelos mísseis da Otan. Neste um ano, os mercenários têm promovido inúmeros atos de crueldade contra os simpatizantes de Kadafi. Cerca de 8 mil pessoas vegetam nas prisões e sofrem torturas constantes, segundo relatos da própria ONU, da Anistia Internacional e da ONG Médicos Sem Fronteira.
Hala Misrati, símbolo da resistência
Hala Misrati é um dos símbolos da resistência à agressão imperialista no país. Em agosto passado, quando as milícias “rebeldes” já combatiam em Trípoli, a apresentadora de televisão protestou ao vivo diante das câmeras. De revólver em punho, ela afirmou que “com esta arma morrerei ou matarei”. Ela garantiu que não aceitaria entregar a emissora para o controle dos mercenários e concluiu: “Protegerei meus companheiros e nos converteremos em mártires”.
Com a derrubada e o assassinado de Kadafi, ela foi presa e exibida como um “troféu” pelos mercenários. Sua última aparição diante das câmeras se deu em 30 de dezembro passado. Ela apareceu em silêncio, segurando uma folha com a data da gravação, e com o rosto cheio de hematomas. O boato que circulou no país é que tinham cortado sua língua. Depois disso, mais ninguém soube do paradeiro de Misrati.
O silêncio da mídia mercenária
O tirânico Conselho Nacional de Transição (CNT), que já acertou os detalhes da entrega do petróleo para as nações imperialista, evita se pronunciar sobre os atentados aos direitos humanos na Líbia. Além de não garantir julgamento justo aos presos políticos, ele incentiva as crueldades patrocinadas pelas milícias. Segundo a Anistia Internacional, a violência está totalmente “fora do controle” neste sofrido país – alvo da cobiça dos EUA e da Europa.
A mídia hegemônica também é cúmplice desta barbárie. Ela difundiu a imagem de que os “rebeldes” promoveriam a “democracia ocidental” e os direitos humanos na Líbia – e, infelizmente, muita gente se iludiu com essa propaganda mentirosa, sendo pautada pela imprensa. Atacaram Kadafi não pelos seus erros, que foram muitos, mas sim para defender os interesses das potências capitalistas.
Agora, a mesma mídia evita dar destaque às torturas e assassinados patrocinados pela “sua” milícia de mercenários. Cadê as matérias sensacionalistas da TV Globo sobre a Líbia? Cadê os “calunistas” de plantão da mídia colonizada? Cadê a gritaria em defesa dos direitos humanos das associações patronais?
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