Crescer com sustentabilidade. Essa foi a tônica do discurso da presidenta Dilma Rousseff durante o primeiro dia da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Ela reforçou que o Brasil é um exemplo de que é possível crescer com sustentabilidade e pediu que todos os países participantes do encontro, assumam compromissos de proteção ao meio ambiente.
foto: UOL
“Respeitar o meio ambiente significa melhorar a produtividade de nosso solo, garantindo o crescimento que queremos, que respeite ao mesmo tempo a nossa população e seus direitos, sua cidadania e também que garanta que nosso povo tenha consciência pública no sentido de garantir oportunidades a todas as pessoas, sem restrição”, disse a presidenta.
Ela lembrou de nações que “não partilharam dos frutos do desenvolvimento” como a África e a própria América Latina e falou do papel do Brasil como protetor da natureza: "Nós confluímos e convergimos para afirmar que os povos dos países emergentes, da África, da Ásia e da América Latina, que não partilharam dos frutos do desenvolvimento, possam partilhar através de um programa de inclusão social. Isso é possível fazer".
Dilma se concentrou em elencar as transformações pelas quais o país passou na última década, quando registrou em sua economia 40$ de crescimento e criou 18 milhões de empregos formais, dando condições pra elevar o padrão de vida de 40 milhões de brasileiros.
Falou também que o país concentra 75% das área de preservação ambiental do planeta e que, desde 2004, o desmatamento diminuiu 77%, além de ter registrado o menor índice de desmatamento neste ano. No Pavilhão Brasil serão apresentados exemplos de como o Brasil cumpre seus compromissos, assumidos de forma voluntária. “Consideramos que a sustentabilidade é um dos eixos centrais da nossa concepção de desenvolvimento”, reinterou ela.
Durante cerimônia que inaugurou o pavilhão do Brasil na Rio+20, que acontecerá a partir de hoje no Riocentro, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ), ela deu boas vindas aos participantes e lembrou que o evento faz parte de um processo que começou na Eco92, quando se colocou o meio ambiente e sustentabilidade na agenda internacional.
As discussões acontecem até sexta-feira (22), e estão divididas em três momentos: o primeiro que começa nesta quarta, com a 3º reunião do comitê preparatório, que fará o documento base que será discutido na terceira e última fase do encontro; o segundo, quando a sociedade civil fará suas intervenções entre sábado (16) e terça (19), a partir de 10 temas, que terão três propostas apresentadas cada um deles; o terceiro momento é quando os líderes mundiais discutirão o texto base do acordo que deve ser divulgado ao final do evento e farão suas intervenções. Até agora, 134 líderes estão inscritos para falarem na conferência, entre quarta (20) e sexta (22).
Outro mundo possível
As organizações sociais, ativistas e ambientalistas também foram lembrados eu seu discurso de boas vindas e em muitos momentos é possível constatar a identificação do governo brasileiro com a luta dos movimentos sociais.
“Teremos que dar outra partida, outro início, um recomeço. Temos que provar que esse mundo que julgamos possível e real é também um mundo em que cabe um alerta, sobre a necessidade de um compromisso de todos os países do mundo”, afirmou a presidenta.
A crise mundial do capitalismo também foi citada, lembrando que a mesma não pode representar um entrave a busca pela desenvolvimento sustentável. . “O meio ambiente não é um adereço, faz parte da visão de crescer e incluir”, destacou, reforçando que o respeito a questão ambiental deve ser mantido não somente nas fases de expansão.
A presidenta da República retorna ao encontro na fase final, quando se reunirá com outros líderes mundiais.
Reflexões da crise
O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral de Presidência do Brasil, afirmou hoje que a atual crise financeira internacional representa uma oportunidade para que seja proposta na conferência da Rio+20 um novo modelo de desenvolvimento sustentável.
"A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, ocorre exatamente no momento em que os grandes modelos de desenvolvimento, produção, consumo e distribuição começam a quebrar", apontou Carvalho, ao falar em uma reunião mundial de sindicalistas sobre o tema, que reúne cerca de 500 representantes de 360 entidades sindicais internacionais , de 100 países.
Pavilhão Brasil
A presidenta esteve na solenidade de inauguração do Pavilhão Brasil acompanhada dos ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, de Relações Exteriores, Antonio Patriota, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e do Turismo, Gastão Vieira. Antes do discurso, assistiu a uma apresentação de danças típicas brasileiras da companhia Aruanda e a um filme sobre os temas das discussões. No Pavilhão, localizado no Parque dos Atletas, dentro do Riocentro, haverá uma mostra sobre a evolução do desenvolvimento sustentável brasileiro.
O espaço também reúne estandes e exposições multimídia sobre programas e projetos dos ministérios e órgãos que compõem o governo brasileiro.
Início
Antes mesmo de a Rio+20 começar oficialmente, o bloco da União Europeia já fazia reuniões internas de negociação. Durante a plenária, o secretário-geral da ONU para a Rio+20, o chinês Sha Zukang, comentou que as negociações estão na fase do “vai ou racha", onde não podem haver erros.
“Precisamos acelerar drasticamente o ritmo, temos apenas três dias de negociações, são dias onde tudo ou vai ou racha, em que precisamos nos concentrar nas discussões-chave. Uma grande responsabilidade está sob nossos ombros, simplesmente não podemos errar”, declarou Sha Zukang.
Da redação com NBR
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