O xadrez [palitinhos]de Lula, nunca tem somente um componente, ele tem uma base conjuntural extremamente perspicaz.
O
aludido movimento mencionado, de renovação dos quadros, é apenas um dos
aspectos que podem de plano ser vislumbrados na estratégia política
adotada.
Apesar
de simples, as iniciativas do (sempre) Presidente Lula, não conseguem
ser captadas pela mídia, em primeiro lugar pela incompetência ou pela
má-vontade em relação a novas formas de apreensão da realidade e, em
segundo lugar porque a manutenção do status quo, do pensamento (quase) único, necessita negar a viabilidade ou correção de novas tendências.
E
isso, pode ser facilmente verificado quando da eclosão da crise
econômica, em que o Lula falou que, para o Brasil, seria apenas uma
marolinha.
Foi prontamente ridicularizado pelos analistas tanto políticos como econômicos.
Não
entendiam as referidas “mentes brilhantes” que o mercado tem forte
componente anímico, que a economia brasileira é basicamente interna, e
contava com considerável capacidade ociosa.
Assim,
naquele momento, as medidas cabíveis eram, incrementar e investir no
mercado interno, mas, em contrapartida, se não houvesse mercado para
estes produtos inevitavelmente a “receita” não teria o efeito esperado.
Pois
bem, no momento em que o presidente Lula vai à imprensa e, do alto de
sua credibilidade perante a população brasileira, diz que as pessoas tem
que produzir, tem que consumir, e que os efeitos da crise econômica no
Brasil, não passarão de uma marolinha, o presidente está simplesmente
realizando um dos mais importante movimentos da estratégia(xadrez)
econômica e política daquele momento.
Esquecem
os analistas de plantão que, se naquele momento, a população
internalizasse a noção de crise por eles proposta, inevitavelmente a
economia brasileira estagnaria ou, pior, entraria em recessão, esta com
todos os seus componentes, desemprego, diminuição de recursos para a
saúde, educação, para os benefícios sociais, etc..
Felizmente
não foi o que ocorreu, e as pessoas continuaram a produzir e consumir e
o país cresceu e consolidou-se no cenário mundial como potencia
econômica e modelo político.
No mais, por recente, todos conhecem a história, principalmente por ter sido extremamente bem-sucedida.
O reconhecimento, entretanto, veio da pessoa mais insuspeita,
É
claro, falo de BaracK Obama, Presidente dos Estado Unidos da América,
que, num rasgo de jovialidade, proferiu a seguinte exclamação, frente à
vários chefes de estado e da imprensa mundial: “Esse é o cara”.
Nesta campanha eleitoral de 2012, novamente a estratégia adotada pelo presidente Lula, não é alcançada pela compreensão da mídia oficial brasileira.
Repetem
o mesmo erro e, ao depararem com os fatos, declaram-se surpreendidos, e
pasmos com a “insensibilidade política da população brasileira”
notadamente porque, segundo eles o “mensalão” (enquanto cena e tragédia)
não teria influenciado o cenário político de modo a levar o PT ao
ostracismo.
Pobres “pensadores”.
Bem
antes, um alquebrado Lula, recém saído de sua luta contra um câncer,
mas com sua capacidade intelectual intacta (capacidade esta
insistentemente contestada pelos referidos analistas), idealizou mais um
de seus movimentos políticos, os quais são incompreensíveis para esta
parcela da inteligência brasileira. Eles me lembram uma passagem do
conto A Casa de Asterion , do argentino Jorge Luis Borges, in verbis:
...As enfadonhas e triviais minúcias não encontram espaço em meu
espírito, capacitado para o grande; jamais guardei a diferença entre uma
letra e outra..
Prosseguindo.
Marcado,
pelo STF, o julgamento do chamado mensalão, para o período
pré-eleitoral, este fato sinalizou e cristalizou a forma em que se daria
o embate.
Como
todo pensamento simples e objetivo, Lula contrapôs ao mensalão -
incansavelmente veiculado pela mídia -, um PT diferente, com novos
quadros, e o mais importante, estes neófitos, erigiriam suas campanhas
com ênfase em programas técnicos e em soluções urbanas para resolver os
problemas sociais prementes.
Contraporiam
à realidade posta, os novos projetos do PT; à antiga forma de fazer
política, a idéia generosa de solidariedade social (que foi a gênese do
Partido do Trabalhadores); à desigualdade econômica, um governo para
todos.
Assim,
diminuir as desigualdades, dar condições mínimas de educação, saúde,
alimentação, moradia, mobilidade urbana, passaram a ser os temas e a
tônica dos pleitos, junto a isso, a insistente divulgação das
realizações dos governos do PT no âmbito social e sua diferencia
enquanto projeto de sociedade..
E Lula entregou-se de corpo (ainda combalido) e –toda - alma, nesta construção.
E estes “eleitos”, Haddad, Pochmann, Elmano, Pelegrino... levaram esta nova forma de fazer política e cumpriram sua missão.
Então,
nas cidades do Brasil, não se falou somente em mensalão, se falou em
projetos, em política urbana, em governar e para quem governar
prioritariamente.
E,
desta vez não foi a esperança que venceu o medo, mas a razão venceu o
oportunismo político e deixou aberta, mais uma vez as várias portas
pelas quais transita a esperança.
Enfim, chegou a eleição e, surpresa, o PT saiu-se mais forte, mais revigorado e desafiando os velhos oráculos.
Alguns,
como sempre, de forma tardia, estão aos poucos percebendo toda a
estratégia, outros, ainda, estão restritos a noção de que Lula percebeu o
“novo” e somente este fator motivou o resultado do pleito.
Mas,
logo, logo, reconhecerão que a estratégia de Lula, não simplesmente
derrotou o mensalão, como forma sectária de fazer política, mas trouxe a
população brasileira o que sempre deveria ser privilégio desta por
ocasião das eleições, um debate de propostas e de idéias, em que somente
pode haver um ganhador, o POVO brasileiro.
Talvez, agora, os analistas entendam a frase proferida por Lula, que o novo pleito havia absolvido o PT.
Simples assim.
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