O Estadão Dados, da famiglia Mesquita, e o Ibope realizaram um estudo
sobre o “mapa do voto” no primeiro turno das eleições para a prefeitura
de São Paulo. O resultado é elucidativo. Comprova que o tucano José
Serra é o candidato dos ricaços, das elites que residem nas áreas nobres
da capital, e que o petista Fernando Haddad obteve sua melhor votação
nos bairros mais carentes da periferia, onde moram os trabalhadores
desta injusta capital. É lógico que o Estadão preferiu apresentar estes
dados de forma maquiada, disfarçada.
A pesquisa dividiu a cidade entre as “zonas eleitorais antipetistas” e
as “zonas eleitorais petistas” – sem explicar a razão destas opções
partidárias. Para o jornalão, a divisão de classes não existe – é
invenção dos comunistas e esquerdistas. Não há choque entre patrões e
trabalhadores e nem conflito de interesses entre elites e setores mais
carentes da população. Deixando de lado esta querela teórica, a pesquisa
conclui que “Serra ganhou em todas as zonas eleitorais antipetistas e
Haddad ganhou em todas as zonas eleitorais petistas”.
A pesquisa ainda agrega as chamadas “zonas volúveis”, em que o voto não
estaria consolidado. A única explicação para esta divisão do eleitorado é
que “as zonas antipetistas têm renda média 2,5 vezes maior do que as
zonas petistas. Elas formam uma área homogênea e contígua no centro
expandido. As zonas petistas estão distribuídas nas periferias sul,
leste e norte da cidades. As zonas volúveis ficam sempre entre as
petistas e as antipetistas e formam uma área de transição econômica e
política”.
O Estadão poderia ser mais simples e sincero no seu estudo – mas isto
poderia atiçar a consciência da maioria trabalhadora e pobre da capital
paulista. Um levantamento nos dados oficiais do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) mostra que o José Serra venceu com folga nos bairros
ricos da cidade. No Jardim Paulista, que concentra a parcela mais
abastada e mesquinha da sociedade, o tucano obteve 66,72% dos votos e o
petista teve apenas 14,41%. Nos bairros da chamada “classe média”, que
come mortadela e arrota caviar, a disputa foi mais apertada, mas o
tucano também venceu. Na Bela Vista, por exemplo, Serra teve 43,91% dos
votos e Haddad teve 25,83%.
Já periferia trabalhadora, Haddad compensou a desvantagem e garantiu a
ida ao segundo turno. Na sofrida Guainazes, o petista teve 42,95% dos
votos e o tucano abocanhou 13,11%. O “azarão” do PRB também foi bem, com
28,66%. Já no Grajaú, bairro com tradição de lutas sociais, Haddad
obteve 46,64%, Serra 11,22% e Russomanno 25,28%. A imensa maioria do
eleitorado paulistano está nas periferias carentes da cidade. Ela votou
majoritariamente no petista, seguido do “azarão”. Ela é que definirá o
segundo turno em 28 de outubro.
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