Por Altamiro Borges
A seletividade da mídia é algo impressionante. Qualquer
suposta irregularidade num governo que não reza da sua cartilha partidarizada
vira manchete e é alvo de comentários ácidos dos “calunistas” amestrados. Já
quando um escândalo atinge um partido aliado da mídia, o silêncio é quase
absoluto. Nesta semana veio à tona que o governador do Pará, o tucano Simão
Jatene, “emprega” pelo menos sete parentes em cargos de confiança, além da
ex-mulher e da ex-cunhada. O nepotismo rende mais de R$ 100 mil mensais aos
apaniguados.
A Folha, que adora o denuncismo barato, até registrou o
caso, mas sem maiores destaques. Segundo a reportagem de Aguirre
Talento, todos esses cargos públicos foram preenchidos sem concurso.
“Nas folhas de pagamento há, por
exemplo, filho, nora, genro e cunhada de Simão Jatene... No Pará, essas
nomeações
acompanham o crescimento da hegemonia do PSDB local. A lista das
indicações
aumentou com a recente eleição de Zenaldo Coutinho (PSDB) para a
Prefeitura de
Belém”.
O repórter afirma que a ex-mulher do governador, Heliana
Jatene, assumiu o comando da Fumbel (Fundação Cultural de Belém), e sua cunhada
Rosa Cunha, a Companhia de Desenvolvimento da Área Metropolitana. “Ambas com
salário de R$ 15 mil”. Outro indicado foi o filho do tucano, Alberto Jatene, “que
ganha R$ 14 mil como assessor jurídico do Ministério Público do Tribunal de
Contas dos Municípios. A procuradora-chefe do órgão, Elisabeth Massoud, é
vizinha da família do governador em uma casa de praia”.
Procurado pela reportagem, Alberto Jatene criticou a
proibição da contratação de parentes. “O sobrenome virou uma chaga. Papai me
diz: 'Beto, eu queria te ter aqui me assessorando, mas não dá'". Já a nora
do governador, Luciana Jatene, é coordenadora do gabinete do desembargador
Cláudio Montalvão das Neves, com salário de R$ 10 mil no Tribunal de Justiça. Em
2011, o TJ foi investigado porque a mulher do desembargador, Rosa das Neves,
virou assessora especial do governo paraense, mas o caso não deu em nada.
Apesar da gravidade da denúncia, o tucano Simão Jatene
afirmou que nenhum dos casos citados na matéria configura nepotismo ou qualquer
tipo de irregularidade. Será que a mídia seletiva dará melhor tratamento ao escândalo?
O tema ganhará as manchetes dos jornalões, será capa da revista Veja ou será
motivo de duras críticas na TV Globo? A conferir! E a oposição demotucana, sempre
tão preocupada com a ética, fará críticas públicas ao governador tucano? A
conferir, também!
Do Blog do Miro
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