Guerrilheiro Virtual

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Em entrevista, Donato fala sobre tentativa de blindagem de Mauro Ricardo, braço direito de Serra

 
‘Pode ter uma ação para desviar o foco para a Câmara’, diz Donato 
Ex-chefe de Governo afirma que ‘se afasta para defesa pessoal’, diz que investigação não é sobre ele e ataca antecessor

Estadão 
via EsquerdopataQuando decidiu se afastar?

Decidi na hora do almoço. Conversei com o prefeito e falei que, para a minha defesa pessoal, achava importante voltar para a Câmara, para me defender plenamente das acusações infundadas que têm sido veiculadas e das possíveis acusações que sejam construídas. Para o governo, isso também é bom, porque retira o ruído político que poderia desestabilizar o ambiente muito positivo de trabalho da Controladoria.

E como o senhor pretende se defender? Ainda não existem acusações formais contra o senhor.

Existe uma situação política criada em função de todos os grampos, de ilações de relacionamentos que eu possa ter com os fiscais. Alguns eu conhecia, mas procurei sempre colaborar com as investigações da Controladoria. Do ponto de vista jurídico, ainda não tem nenhuma acusação contra mim. Estou preparado para me defender de calúnias e mentiras que sejam ditas.

A que o senhor atribui essas acusações? Qual era o seu relacionamento com os fiscais?

Acho que eles poderiam ter alguma expectativa, por me conhecer, por terem colaborado na campanha do prefeito com estudos, com projeções... Eles eram muito proativos, em particular o Ronilson (Rodrigues, apontado como chefe do esquema). Talvez tenham criado uma expectativa de proteção que não aconteceu. E pode ter algum ingrediente político que ainda não consigo dimensionar. Pode ter uma coordenação política para desviar o foco das investigações para a Câmara ou qualquer outro lugar.

Como seria esse uso político?

É uma investigação que tem desdobramentos políticos. É difícil conceber que o (ex-) secretário (de Finanças) Mauro Ricardo, que é um homem muito ligado ao (José) Serra (PSDB), não soubesse de um esquema durante oito anos que ele ficou em cima (do gabinete). Em três, quatro meses, a gente claramente identificou. Então, é evidente que tem um conteúdo político e pode ter uma articulação política para tentar envolver meu nome. Mas é uma possibilidade.
O Ministério Público diz que o foco da investigação vai de 2007 a 2012. Como o senhor avalia que acabou envolvido nisso?

É uma situação kafkiana, em que eu tenho de responder porque conheci (os fiscais). Está claro no processo todo que eu poderia tê-los ajudado e não os ajudei e é por isso que estou me afastando. Tem de ficar claro que a investigação não é sobre mim. É sobre o governo passado.

E o que muda com o senhor na Câmara?

Minhas opiniões serão minhas opiniões, não serão do governo. Isso é importante para ter liberdade para me defender. A Controladoria já deu frutos e é importante que continue forte.

Chegou a ter algum contato com os fiscais, após a denúncia?

Não, nenhum.

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