Em debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo, o arcebispo de
São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, voltou a criticar as igrejas que
são transformadas, segundo ele, em "currais" e "cabrestos" eleitorais.
"Esse poder de fazer a propaganda e de fazer a mobilização de algum
candidato cabe especificamente aos cristãos leigos dentro da igreja",
disse o cardeal.
Sua fala seguiu o tom do texto divulgado no domingo em que fez críticas veladas ao candidato Celso Russomanno (PRB).
Líder nas pesquisas, Russomanno não foi ao debate que acontece nesta
quinta-feira (20). Ele alegou que só iria caso fosse recebido antes pelo
cardeal para discutir a polêmica com a Igreja Católica, o que não
aconteceu.
De acordo com dom Odilo, a igreja tem procurado manter uma posição
coerente no processo eleitoral, sem indicar um candidato especifico.
"Entretanto, [a arquidiocese] também deu orientações e critérios sobre a participação dos fiéis leigos."
Debate promovido pela Arquidiocese de São Paulo entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, no teatro Fernando Torres
Para ele, o uso da religião na política "poderia deixar divisões e
feridas dificilmente cicatrizáveis no seio das religiões e das
comunidades religiosas".
No domingo, dom Odilo Scherer orientou os padres de 300 paróquias sob seu comando a ler na missa o texto com as críticas.
Dias antes, a arquidiocese havia divulgado uma nota rebatendo o
presidente da sigla, Marcos Pereira, que é bispo licenciado da Igreja
Universal do Reino de Deus.
Os textos foram uma resposta a artigo de Pereira, ligando a igreja ao chamado "kit gay", de cartilhas anti-homofobia.
No início do debate de hoje, o cardeal evitou criticar Russomanno pela
falta. Ele disse apenas que foram convidados os cinco candidatos mais
bem posicionados nas pesquisas eleitorais, "sem distinção de partido".
Em nota, a arquidiocese lamentou a ausência do candidato e lembrou que o
convite para o debate foi feito antes do episódio envolvendo o
presidente do PRB.
Participam do debate os candidatos José Serra (PSDB), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS).
Na primeira parte do evento os candidatos não comentaram a ausência de
Russomanno. O debate também foi marcado interrupções da fala dos
candidatos por problema no marcador de tempo.
Da Folha
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