Diário do Centro do Mundo
Elogios desmesurados podem influenciar, e consequentemente manipular, bem mais do que em nossa ingenuidade imaginamos
Elogios desmesurados podem influenciar, e consequentemente manipular, bem mais do que em nossa ingenuidade imaginamos
Zé Dirceu traz hoje ao debate, de novo, a questão da reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Vale a pena parar para discutir isso.
Antes
do mais: quem acredita que não correu dinheiro para comprar no
Congresso os votos necessários para que FHC pudesse ter um segundo
mandato acredita em tudo, para usar as palavras de Wellington.
É
certo que não é porque não se fez justiça antes que não se deve fazer
agora. Mas é inaceitável tratar de um caso e simplesmente esquecer o
outro ao sabor de conveniências. Ao ignorar uma história você acaba
conferindo peso desmedido à outra.
Se
o mensalão se deu em parcelas mensais, o emendão se deu numa só
parcela. A diferença maior é que o mensalão foi e é tratado pela mídia
estabelecida com um estardalhaço e um enviesamento indecentes. Tamanha
pressão se refletiu não sobre os eleitores, que já faz tempo ligam muito
pouco para o que a mídia diz – mas sobre o STF.
Os
integrantes do STF parecem estar gostando dos elogios interesseiros e
calculistas que vão recebendo dos suspeitos de sempre. Na lisonja cínica
e desequilibrada se esconde uma manobra não tão sutil assim de
corrupção de valores. Muitas vezes é mais fácil, mais barato e menos
arriscado você influenciar alguém não com dinheiro, mas com a louvação. A
alma humana, como escreveu Confúcio, é mais suscetível à adulação do
que às moedas.
O
brasileiro médio, em sua sabedoria intuitiva, não dá quase nenhuma
importância ao que a mídia diz. Ele desconfia das reais intenções por
trás dos espasmos de moralismo que remetem ao clássico “mar de lama” de
Carlos Lacerda.
Mas os juízes do STF, eles sim, dão muita importância à grande mídia. Louvaminhas podem embriagá-los.
De tanto serem colocados no céu, os juízes podem achar que são capazes de voar – e isso não é bom para o país.
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