A presidenta Dilma Rousseff ressaltou, durante a 40ª Reunião Ordinária
do Pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), nesta
quarta-feira (27), a importância do investimento para garantir o
desenvolvimento e o combate à miséria. A reunião marca os dez anos de
criação do conselho que, para Dilma, tem como característica importante o
fato de ser plural, mostrando diferentes opiniões e posições.
“Eu acho que nós queremos chegar a ser uma nação desenvolvida. Nós
queremos ser um país de classe média. E para sermos um país de classe
média, nós temos uma trajetória a cumprir. Nós queremos que a taxa de
investimento seja 25%, mas porque queremos uma renda per capita muito
mais significativa que a atual. Nós queremos esse país com um
característica única”, afirmou Dilma.
A presidenta também destacou a importância do modelo de desenvolvimento
com distribuição de renda e inclusão social. Para Dilma, é necessário
acabar com a pobreza extrema de forma imediata, e, depois, oferecer
qualificação para adultos e educação de qualidade para crianças. Ela
lembrou que uma forte estrutura educacional, com creche, alfabetização
na idade certa e escola em tempo integral, é essencial para que os
jovens pobres tenham igualdade de oportunidades.
Ainda sobre educação, Dilma lembrou o envio para o Congresso da proposta
que direciona os recursos advindos dos royalties para a educação. Para
ela, não basta investir em prédio. É preciso remunerar os professores
para que a posição se torne de alto status no Brasil. A presidenta
também defendeu uma política unificada de ciência e tecnologia, dando
racionalidade, foco e direção para os investimentos, vindos do governo e
do apoio da iniciativa privada.
“Nós somos um país que somos obrigados a olhar para duas coisas
simultaneamente. O que há de mais terrível e atrasado numa sociedade,
que é a miséria. E o que há de mais avançado, que é a ciência, a
tecnologia e a inovação. (…) Não dá para falar primeiro eu faço isso,
depois faço aquilo. Temos de dar conta das duas coisas. (…)Temos de ter
um grande compromisso com os pobres nesse país”, completa.
Dilma afirmou que o governo buscará uma maior racionalidade em relação
aos tributos em 2013, seguindo as ações do ano passado, quando foram
feitas desonerações significativas. Outro ponto que a presidenta
destacou é o investimento em infraestrutura, com a apresentação para
investidores estrangeiros dos novos modelos de concessão de rodovias e
ferrrovias.
“Nós somos um país que precisa de ferrovias. É impossível continuar
transportanto minério e grãos só por estradas. Nós temos de ter
ferrovias e hidrovias. O modelo de ferrrovias vai ser objeto de
avaliação de investidores privados nacionais e internacionais. Estamos
fazendo 10 mil km, que é muito para o que temos, mas pouco para o que
precisamos. Essa é a primeira etapa do programa e que precisaremos de
uma segunda etapa”, detalhou.
A presidenta também falou da importância, para diminuir os custos, da
abertura dos portos, mas sem que nenhum direito dos trabalhadores
portuários seja modificado. Para Dilma, a modernização do setor implica,
necessariamente, em abrir a concorrência. Outro ponto citado por ela é a
criação de uma estrutura regional de aviação, com a construção e
ampliação de 280 aeroportos.
Na questão da energia, a presidenta disse esperar um grande salto para o
setor em 2013, com leilão de concessão em maio, de partilha, em
novembro, e de gás não convencional, em dezembro. Ela ainda afirmou que
serão mantidas as licitações de energia elétrica e que a questão do
etanol ganhará importância estratégica. Dilma destacou a robustez do
sistema, que conta com uma rede de termoelétricas que traz uma segurança
de 14 mil MW.
“Hoje, nós temos, antes da entrega dos 10 mil MW que entram esse ano,
nós temos 14 mil MW de térmicas. Nunca tivemos isso na vida. Despachar
térmica é parte do ofício, até porque nós, todos nós aqui, defendemos
que nós não podemos construir reservatórios imensos. (…) O que não é
admissível para o país é que se crie instabilidade onde não há
instabilidade. Exemplo: não é admissível que se diga que vai haver
racionamento quando não vai haver racionamento. As mesmas vozes que
disseram em dezembro e janeiro que ia haver racionamento se calam. E a
consequência é nenhuma, o que eu acho que é irresponsabilidade. O que
afeta a vida das empresas, a vida das pessoas, nós temos de ter cuidado,
porque se coloca uma expectativa negativa gratuita para o país”,
afirmou.
A presidenta encerrou falando da importância em se aumentar o
intercâmbio com os países africanos. Para Dilma, que, na última semana,
participou da III Cúpula América do Sul-África, na Guiné Equatorial, e
visitou a Nigéria, “há uma oportunidade fundamental nos países africanos
e uma expectativa muito forte em relação ao Brasil”. Ela lembrou do
interesse que há sobre a tecnologia social desenvolvida pelo Brasil
desde o governo Lula, que contou com a constituição do Cadastro Único
para os Programas Sociais.
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