247 –
Gilberto Kassab, ex-prefeito da cidade de São Paulo e presidente do
PSD, partido criado por ele para permitir a migração de parlamentares da
oposição para a base aliada, tinha um sonho: governar o estado mais
rico do País. Seu nome já está colocado como candidato oficial do
partido ao Palácio dos Bandeirantes – uma candidatura, por sinal,
defendida por vários setores do PT, que o enxergam como peça-chave para
garantir um segundo turno contra Geraldo Alckmin.
A viabilização de Kassab,
no entanto, dependia de uma complexa operação política. Percebido pela
população como um prefeito que se dedicou mais à criação de um partido
do que à administração da cidade, ele tinha, em 2012, uma das piores
avaliações já registradas por administradores da maior cidade do País.
Era um desempenho tão ruim que ajudava a afundar a candidatura de José
Serra, em 2012. A tal ponto, que Veja SP, a Vejinha, saiu em seu
socorro, com uma capa histórica. "Será que estamos sendo justos com
ele?", era a pergunta.
Um dos pontos mais
vulneráveis da administração Kassab era o caso Aref, tornado em maio de
2012, quando se soube que o então diretor da Aprov, setor da prefeitura
responsável por liberar construções, havia acumulado nada menos que 106
imóveis. Será que isso seria possível sem que o prefeito soubesse de
nada?
Agora, surge um escândalo
semelhante, com a descoberta de que uma máfia de fiscais, encastelada
na prefeitura de São Paulo, acumulou patrimônio estimado em R$ 80
milhões, desviando impostos municipais e favorecendo grandes
construtoras como a Brookfield e a Trisul.
Os fiscais presos na
investigação sobre o esquema de cobrança de propina de empresas em troca
da redução de impostos torciam pela volta de Gilberto Kassab nas
eleições de 2014 no Estado. Em conversas gravadas nas investigações
sobre o esquema, eles dizem que essa seria “a única chance de
continuarem juntos no ano que vem”. A frase é atribuída a Luis Alexandre
Cardoso Magalhães, único dos fiscais a deixar a prisão após decidir
colaborar com as investigações.
Um deles, Ronilson
Bezerra Rodrigues, chefe da máfia, faz afirmações ainda mais graves
contra o ex-prefeito: “Chama o secretário e os prefeito (sic) que eu
trabalhei. Eles tinham ciência de tudo”. Ele disse isso na conversa com
Paula Sayuri Nagamati, a chefe de gabinete da secretaria de Assistência
Social que era amiga do fiscal (leia aqui).
Kassab rebateu às
acusações com uma nota divulgada por sua assessoria. "As afirmações do
servidor público concursado são falsas, como a própria imprensa já
comprovou ser inverídico o conteúdo de gravação anterior na qual o mesmo
funcionário público atribuía ao ex-prefeito a propriedade de um
escritório suspeito de ser usado para a prática de irregularidades",
diz.
A nota diz que ainda que
"repudia as tentativas sórdidas de envolver o seu nome em suspeita de
irregularidades" e afirma que há um "objetivo escuso" que busca "única e
exclusivamente atingir a sua imagem e honra".
Kassab talvez mereça o benefício da dúvida. Mas se o chefe da quadrilha da Aprov acumulou 106 imóveis e a máfia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”