Ou carta aberta à querida Dilma com cópia ao meu amigo Balzac!
Chega dos escroques profissionais. Já demos muitas chances também aos ladrões de nascença, sendo ou não peemedebistas precoces de sete meses.
Chega de Valdemares nunca dantes.
Fora profissionais do ramo beneficiados pelas alianças eleitorais e pelo verbo governabilidade.
No início era a governabilidade. E quando escuto essa palavra levo a mão ao bolso, mas sempre é tarde. Já levaram o que era nosso.
Repórter de política, prometi um dia a mim mesmo: nunca escreverei essa palavra. Consegui ganhar a vida sem ela.
Cada vez que escrevemos governabilidade tem alguém pegando o nosso em algum gabinete.
É o verbo da escroqueria por excelência, como me ensinou o cara que me deu a dica sobre quase tudo. Sobre mulher, Grécia Antiga e política: Balzac. Como amo esse gordinho incrível.
Jovens repórteres, é escrever governabilidade e ouvir o trec-trec do velho taxímetro dos profissas. Por favor, vamos evitar essa palavra nos jornais e folhas.
Sejamos lacanianos, ou seja, sejamos governados pelas palavras.
E, querida Dilma, chegou a hora, e aqui na mesa branca estou com Balzac, de uma outra classe de gente sobre as asas de Brasília. Sim, eles mesmos, os ladrões de galinha seriam a redenção do país.
Diz ai, Santo Honorè, repete comigo:
O ladrão de galinha, entre os profissionais, é o homem consagrado por um hábito imemorial, pra designar esses infelizes prestidigitadores que só exercem sua habilidade sobre objetos de pouco valor.
Em todos os ofícios há uma aprendizagem; aos aprendizes só são confiadas as tarefas mais fáceis , para que não ponha tudo a perder; depois, segundo o mérito, sobem gradativamente de posto.
Os ladrões de galinha são os aprendizes da corporação a que pertencem e fazem suas experiências in anima vili.
Assim como um hipnotizador faz o treinamento de seus discípulos utilizando uma cabeça falsa coberta por uma peruca, os ladrões de galinha e os pobres batedores de carteiras exercem a sua treinabilidade num manequim pendurado por um fio.
Treinabilidade. Vem do Titês. Sim, do glossário lógico do treinador do Corinthians. Treinabilidade: o mesmo que repetir até um dia fazer a coisa certa.
Chega de PMDB e PR, dona Dilma, é a hora e a vez dos amadores. Assim como só o amor e a Odebrecht constroem, só o amadorismo salva.
Chegou a hora do ladrão de galinha.
O pequeno roubo é, mais exatamente, o seminário onde se recruta para o crime, e os ladrões de galinha, como vemos, não passam de maus atiradores do grande exército dos profissionais sem patente.
Se o ladrão de galinha é um homem já de certa idade, nunca será grande coisa: é uma inteligência inferior , e nunca irá além de relógios, sinetes, lenços, bolsas, xales, e só terá problemas com a polícia correcional.
Eu imploro, como cidadão brasileiro e seu eleitor no derradeiro embate nas urnas: mais ladrões de galinha e menos profissas em Brasília.
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