Guerrilheiro Virtual

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

OTAN quer poderes para controlar toda a Internet


A OTAN reconhece que está a perder o controle militar para os cidadãos
Os media sociais: poder ao povo?
 
O principal conselheiro de Hillary Clinton para a inovação descreve o modo como os media sociais podem afetar a forma como se faz política. Para além de constituírem um fórum para novas conversas, também refletem o novo perfil e a nova dinâmica dos eleitores: cabe aos políticos reagir.
 
Quando a Secretária de Estado Hillary Clinton assumiu a liderança do Departamento de Estado, em Janeiro de 2009, havia 4,1 mil milhões de celulares no planeta Terra. Hoje em dia, existem mais de cinco mil milhões, tendo 75% desse crescimento ocorrido no mundo em vias de desenvolvimento. Combinadas neste grupo de utilizadores estão dois mil milhões de ligações de internet.
Os aparelhos móveis de voz e de dados têm demonstrado ser ferramentas poderosas para o crescimento econômico e a mobilidade social. A procura é muito elevada e está em crescimento acelerado. Por outro lado, a política econômica destas mudanças tecnológicas perturba as atuais condições sociais, econômicas e de segurança.
 
Esta convergência de mudanças demográficas, nas comunicações e nas infraestruturas é única na história 

A emergência da Internet como uma infraestrutura
transnacional é mais do que uma mudança geracional na
tecnologia dos meios de comunicação de massa
Por quê? A emergência da Internet como uma infraestrutura transnacional é mais do que uma mudança geracional na tecnologia dos meios de comunicação de massa. É uma tripla mudança de paradigma que converge numa única rede.
 
Representa a mudança dos meios de comunicação de massa, da escrita para a radiodifusão para o digital.

Mas também representa uma mudança nas comunicações, de serviços postais para o telégrafo para o telefone para os pacotes informáticos.

E, por fim, representa uma mudança nas nossas infraestruturas econômicas, das vias marítimas para as ferrovias para as estradas e agora, cada vez mais, para a Internet.

Esta convergência é única na história e profundamente transformativa.
 
Adicionemos a esta combinação mudanças demográficas que incluem grandes aumentos na migração internacional e uma população jovem que constitui mais de metade do mundo em vias de desenvolvimento. Esta combinação está a alterar as condições políticas e socioeconômicas em todo o mundo.
 
Podemos constatar o seu impacto nos mercados das tecnologias de informação e de comunicação, resistentes à recessão, de Jacarta a Nairobi a São Francisco.
 
Podemos constatar o seu potencial na produção colaborativa em torno da investigação mundial sobre as mudanças climáticas e a genética humana.
 
E podemos constatar o seu poder nos movimentos dissidentes no Médio Oriente.
 
De forma significativa, o poder está a ser transferido do Estado nação e das grandes instituições para as instituições mais pequenas e para os indivíduos.
 
Só agora começamos a compreender as implicações destas mudanças.
 
Estas perturbações não requerem uma reação tecnológica. Requerem uma reação em termos de política externa.
 
 O Che Guevara do século XXI é a rede da Internet 
 
Os media sociais e os movimentos de dissidência política


Nada do que se está a passar no Médio Oriente são
revoluções provocadas pela
tecnologia, mas a tecnologia 
desempenhou um papel importante

Para ser claro, nada do que hoje em dia se está a passar no Médio Oriente são revoluções provocadas pela tecnologia.
 
O desemprego da juventude, o descontentamento com as famílias reinantes, os elevados preços dos alimentos e outros fatores provocaram a emergência dos movimentos de dissidência.
 
Mas a tecnologia desempenhou, de fato, um papel importante. É cedo demais para fazer uma análise definitiva, mas podemos tirar várias conclusões dos acontecimentos recentes.
 
Em primeiro lugar, a tecnologia precipitou as mudanças políticas ao juntar online grupos de pessoas com as mesmas opiniões e permitiu a coordenação da construção dos movimentos em tempo real. Acelerou o movimento, tornando um processo que demoraria anos num processo de apenas semanas ou meses.

Em segundo lugar, os media sociais tornaram mais fortes ligações fracas, juntando pessoas com vidas e interesses diferentes, que se conheceram online em ações de protesto offline.

Em terceiro lugar, distribuiu a liderança por uma grande variedade de atores. O Che Guevara do século XXI é a rede da Internet. Já não é necessária uma figura individual única para organizar e inspirar as massas.

Em quarto lugar, constatamos que as plataformas dos media sociais que facilitaram a organização também alimentaram os ciclos noticiosos dos media convencionais, que levaram a história de mudança à região e ao resto do mundo. O que aconteceu quando os jovens na praça Tahrir levantaram posters com seus hashtags no Twitter? A televisão por satélite pan-arábica captou essas imagens, difundiu-as pelo resto do mundo e chamou a atenção para as vozes autênticas nas ruas.

 O debate para saber se estas tecnologias são mais adequadas aos ditadores ou aos democratas acabou. Isso não quer dizer que os ditadores não as utilizem de forma eficaz, porque o fazem. 
 
A capacidade das redes de informação descentralizadas de facilitar o livre fluxo de informação e de permitir os movimentos dissidentes é claro. As tecnologias de conexão não só possibilitam que as pessoas partilhem ideias entre si e descubram informação que antes não estava disponível, ou era proibida, como também abrem uma janela para o modo como a vida é no resto do mundo.
 
O debate angustiante para saber se estas tecnologias são mais adequadas aos ditadores ou aos democratas acabou. Isso não quer dizer que os ditadores não as utilizem de forma eficaz, porque o fazem. Estamos cientes dos perigos de repressão reforçados por ferramentas de vigilância sofisticadas.
 
Mas, em geral, os indícios claros da história recente demonstram que as tecnologias de rede que alimentam o sistema nervoso da vida política, econômica e social modernas tendem a resistir ao controle centralizado e a facilitar os movimentos de ideias descentralizados. A questão que se coloca então é saber como controlar estas forças para servir os interesses da comunidade internacional na promoção da nossa segurança e da prosperidade econômica comuns bem como da realização das nossas aspirações políticas.
 
Por si só, a tecnologia é agnóstica. Simplesmente amplifica e expande a sociologia existente numa comunidade. Se a comunidade aspira à democracia, a tecnologia facilita isso mesmo. Se a comunidade aspira a outra coisa, a tecnologia facilita essa outra coisa. E se consegue derrubar uma estrutura de poder, não existem quaisquer garantias de que possa ser bem sucedida na construção de uma nova.
 
A política do governo dos Estados Unidos de promoção do acesso e da adoção das tecnologias de conexão como instrumentos de fortalecimento e progresso humano não é, portanto, uma aposta na tecnologia. É uma aposta nas aspirações de progresso das pessoas, facilitada pela tecnologia.
 
Tornar a diplomacia pessoal


No século XXI, a inovação crítica na diplomacia é de
povo para povo

Os media sociais oferecem aos governos uma ferramenta poderosa para interagir diretamente com os povos de uma forma mais local e orgânica. Habitualmente, a diplomacia é conduzida em interações formais entre os Estados nação soberanos.
 
No século XX, os governos tentaram conduzir a diplomacia com os públicos estrangeiros, difundindo mensagens para lá das suas fronteiras.
 
No século XXI, a inovação crítica na diplomacia é de povo para povo.
 
Recorrendo a tecnologias de conexão e a redes de media sociais, os povos de todas as nações podem interagir uns com os outros sobre as questões prementes dos nossos tempos.
 
Podem partilhar soluções para problemas comuns, ir buscar ideias novas e modificá-las, investir em empreendimentos sociais e comerciais transnacionais e podem entreter-se uns com outros.
 
Os resultados destas interações estão a dar frutos.
 
As OGNs (organizações não governamentais) internacionais que trabalham no combate à disseminação do HIV utilizam mensagens de texto para enviar instruções sobre como utilizar a medicação antiviral.

Um programa de banca móvel desenvolvido no Quênia está agora a ser estudado para ser replicado em todo o mundo.

E uma geração de jovens foi inspirada pelos acontecimentos alimentados pelos media sociais na Tunísia e no Egito, realizando as suas próprias aspirações de sociedades mais abertas.

Ao integrar os media sociais na nossa abordagem à arte de governar, a Secretária de Estado Hillary Clinton está a construir relações e a criar ligações com interessados em tantos setores diferentes quanto possível e em tantas línguas quanto possível.
 
 A tecnologia não é a resposta para todos os nossos desafios de política externa, mas irá permitir-nos fazer outro tipo de perguntas a outro tipo de pessoas. 
 
Resumindo, estamos a colocar a nossa arte de governar na rede da Internet mundial. Através da rede, estamos a falar com novas comunidades e, acima de tudo, estamos a ouvi-las. Reconhecemos que temos dois ouvidos e apenas uma boca. Por si só, a tecnologia não é a resposta para todos os nossos desafios de política externa, mas irá permitir-nos fazer outro tipo de perguntas a outro tipo de pessoas.
 
Só por isso, a Internet muda o jogo da arte de governar.
 
Este artigo é da autoria de Alec Ross, Principal Conselheiro para a inovação da Secretária de Estado Norte-Americana, Hillary Clinton, e do seu colega Ben Scott.

Pesquisado da Revista da NATO

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