Por Altamiro Borges
A decisiva eleição para a prefeitura da capital paulista só tem duas
certezas até o momento. A primeira é que haverá segundo turno – bem
diferente do que alguns “calunistas” da mídia previam no início da
campanha, garantindo que o tucano José Serra era “imbatível”. A segunda é
que o “azarão” Celso Russomanno mantém-se na dianteira e já está
garantido no segundo turno. Já no que se refere ao seu concorrente –
Serra ou Haddad – não há nada definido. Há muitas pesquisas encomendadas
e corrompidas e muita especulação!
A pesquisa Vox Populi, encomendada pelo PT e divulgada ontem, apontou
que o candidato petista ultrapassou o tucano na corrida pelo segundo
lugar – 18 a 17%. Já o Datafolha, também apelidado de DataSerra ou
Datafalha, inverteu a lógica das sondagens anteriores e registrou
crescimento de Serra (21%) e queda de Haddad (15%). O surpreendente é
que este mesmo instituto – que pertence ao Grupo Folha, que também edita
um famoso jornal serrista – havia apontado empate técnico na pesquisa
anterior. Muito estranho!
A fotografia do momento
Seja qual for a fotografia do momento, que é o que as pesquisas
registram, a única certeza é que a disputa pelo segundo lugar será das
mais acirradas. O “azarão” Celso Russomanno se valeu da histórica
polarização entre o tucano e o petista para crescer no vácuo. Além
disso, ele é uma figura midiática, explora o voto conservador na capital
paulista e conta com o forte apoio dos setores religiosos – em
especial, da Igreja Universal do Reino de Deus. Estes fatores, entre
outros, explicam a sua folgada vantagem no primeiro lugar.
Já o eterno candidato tucano, o “imbatível”, despencou da primeira
colocação e hoje corre o sério risco de nem ir ao segundo turno também
por várias razões. Como disse o próprio FHC, num lapso de sinceridade,
existe uma “fadiga de material” – os paulistanos estão cansados da
prolongada hegemonia dos tucanos em São Paulo. Além disso, Serra não
engana mais o eleitor com suas mentiras – como a de que cumpriria seu
mandato na prefeitura – e colhe o desgaste do atual prefeito, Gilberto
Kassab, um dos mais rejeitados no país.
Os desafios de Fernando Haddad
Diante deste cenário, o que preocupa mesmo é a situação de Fernando
Haddad. Sem nunca ter sido candidato, o petista conseguiu se projetar e
superar a alta taxa de desconhecimento. Ele enfrentou todas as crises de
campanha – definição da vice, aliança com Maluf, atritos com Marta
Suplicy, o julgamento do chamado “mensalão”, entre outras intempéries – e
firmou sua liderança. Fruto destes e de outros acertos da sua campanha,
Haddad cresceu nas pesquisas e alcançou Serra – para o desespero dos
“calunistas” da mídia.
Mas este crescimento ainda não foi suficiente para garantir sua passagem
ao segundo turno. Ele, inclusive, mostrou-se tímido, abaixo das
expectativas do comando da sua campanha e da própria história do PT nas
eleições da capital paulista. Das seis realizadas após o fim da ditadura
militar, a sigla já ganhou duas (Erundina e Marta) e foi ao segundo
turno em outras quatro. Para manter esta sequencia histórica, é urgente
rediscutir a estratégia da campanha para esta fase final da disputa.
Propaganda mais politizada e "agressiva"
Segundo o noticiário da mídia, que sempre tenta atiçar a cizânia, o PT
definiu nesta semana adotar uma linha mais “agressiva” na sua propaganda
de rádio e tevê. “Com aval de Lula, campanha de Haddad muda a
estratégia e investirá mais em ataques contra Serra e Russomanno”,
garante a Folha. A ideia é politizar mais a campanha, superando a fase
“paz e amor” da apresentação de propostas. Já não era sem tempo! A
campanha “propositiva” cumpriu o seu papel, mas já se mostrava
insuficiente – insossa e retraída.
Na disputa pelo segundo lugar, Serra tem batido duro – explorando,
principalmente, o tema do “mensalão do PT”. Não dá para aceitar
passivamente estes ataques, que confundem o eleitor e desarmam a
militância. A ideia do comando da campanha é explorar, a partir de
agora, temas como a privataria tucana e o mensalão do PSDB. Desafiando o
dogma dos marqueteiros – que nunca foi seguido pelos publicitários
tucanos –, chegou a hora de bater também. A polêmica e a politização
serão decisivas para alavancar Haddad!
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