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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Eleição em SP exige correção de rota


Por Altamiro Borges

A decisiva eleição para a prefeitura da capital paulista só tem duas certezas até o momento. A primeira é que haverá segundo turno – bem diferente do que alguns “calunistas” da mídia previam no início da campanha, garantindo que o tucano José Serra era “imbatível”. A segunda é que o “azarão” Celso Russomanno mantém-se na dianteira e já está garantido no segundo turno. Já no que se refere ao seu concorrente – Serra ou Haddad – não há nada definido. Há muitas pesquisas encomendadas e corrompidas e muita especulação!

A pesquisa Vox Populi, encomendada pelo PT e divulgada ontem, apontou que o candidato petista ultrapassou o tucano na corrida pelo segundo lugar – 18 a 17%. Já o Datafolha, também apelidado de DataSerra ou Datafalha, inverteu a lógica das sondagens anteriores e registrou crescimento de Serra (21%) e queda de Haddad (15%). O surpreendente é que este mesmo instituto – que pertence ao Grupo Folha, que também edita um famoso jornal serrista – havia apontado empate técnico na pesquisa anterior. Muito estranho!

A fotografia do momento

Seja qual for a fotografia do momento, que é o que as pesquisas registram, a única certeza é que a disputa pelo segundo lugar será das mais acirradas. O “azarão” Celso Russomanno se valeu da histórica polarização entre o tucano e o petista para crescer no vácuo. Além disso, ele é uma figura midiática, explora o voto conservador na capital paulista e conta com o forte apoio dos setores religiosos – em especial, da Igreja Universal do Reino de Deus. Estes fatores, entre outros, explicam a sua folgada vantagem no primeiro lugar.

Já o eterno candidato tucano, o “imbatível”, despencou da primeira colocação e hoje corre o sério risco de nem ir ao segundo turno também por várias razões. Como disse o próprio FHC, num lapso de sinceridade, existe uma “fadiga de material” – os paulistanos estão cansados da prolongada hegemonia dos tucanos em São Paulo. Além disso, Serra não engana mais o eleitor com suas mentiras – como a de que cumpriria seu mandato na prefeitura – e colhe o desgaste do atual prefeito, Gilberto Kassab, um dos mais rejeitados no país.

Os desafios de Fernando Haddad

Diante deste cenário, o que preocupa mesmo é a situação de Fernando Haddad. Sem nunca ter sido candidato, o petista conseguiu se projetar e superar a alta taxa de desconhecimento. Ele enfrentou todas as crises de campanha – definição da vice, aliança com Maluf, atritos com Marta Suplicy, o julgamento do chamado “mensalão”, entre outras intempéries – e firmou sua liderança. Fruto destes e de outros acertos da sua campanha, Haddad cresceu nas pesquisas e alcançou Serra – para o desespero dos “calunistas” da mídia.

Mas este crescimento ainda não foi suficiente para garantir sua passagem ao segundo turno. Ele, inclusive, mostrou-se tímido, abaixo das expectativas do comando da sua campanha e da própria história do PT nas eleições da capital paulista. Das seis realizadas após o fim da ditadura militar, a sigla já ganhou duas (Erundina e Marta) e foi ao segundo turno em outras quatro. Para manter esta sequencia histórica, é urgente rediscutir a estratégia da campanha para esta fase final da disputa.

Propaganda mais politizada e "agressiva"

Segundo o noticiário da mídia, que sempre tenta atiçar a cizânia, o PT definiu nesta semana adotar uma linha mais “agressiva” na sua propaganda de rádio e tevê. “Com aval de Lula, campanha de Haddad muda a estratégia e investirá mais em ataques contra Serra e Russomanno”, garante a Folha. A ideia é politizar mais a campanha, superando a fase “paz e amor” da apresentação de propostas. Já não era sem tempo! A campanha “propositiva” cumpriu o seu papel, mas já se mostrava insuficiente – insossa e retraída.

Na disputa pelo segundo lugar, Serra tem batido duro – explorando, principalmente, o tema do “mensalão do PT”. Não dá para aceitar passivamente estes ataques, que confundem o eleitor e desarmam a militância. A ideia do comando da campanha é explorar, a partir de agora, temas como a privataria tucana e o mensalão do PSDB. Desafiando o dogma dos marqueteiros – que nunca foi seguido pelos publicitários tucanos –, chegou a hora de bater também. A polêmica e a politização serão decisivas para alavancar Haddad!
 
 

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